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O professor Marcos Morita; especialista em marketing e planejamento estratégico; sugere; em um artigo; as melhores medidas para otimizar a infraestrutura dos aeroportos no país. Veja abaixo o artigo na íntegra.
“Aeroportos: como melhorar a infraestrutura
Por Marcos Morita
Os próximos dias prometem ser de muita agitação aos que embarcarem em algum dos aeroportos brasileiros. Interconectados; não há como escapar do caos reinante em Guarulhos e Congonhas; os principais gargalos. Pensar em agradar os clientes é pura utopia nestes dias em que a zona de tolerância e as expectativas já estão para lá de negativas.
Chegar até o aeroporto; enfrentar as filas do check-in e do embarque; as demoras na decolagem e aterrissagem e finalmente conseguir pegar as malas nas poucas esteiras são tarefas que exigem um bom preparo físico e principalmente muita paciência.
Ao contrário da venda de produtos – nas quais é possível aumentar o estoque; contratar temporários ou entregá-los através de canais alternativos; tais como internet e pontos de vendas extras – uma operação aérea se enquadra na modalidade de serviços; cuja principal dificuldade está na capacidade de armazenamento para venda futura. Um assento perdido em um vôo nunca mais será recuperado; assim como um quarto em um hotel ou uma mesa em um restaurante. Negócios desta natureza tendem a sofrer mais acentuadamente com oscilações amplas de demanda.
Uma solução para as empresas do setor de serviços está na redefinição da capacidade produtiva; definida como o conjunto de instalações; equipamentos; mão de obra; recursos e infraestrutura. Vejamos.
– Instalações físicas destinadas aos clientes: empresas podem decidir pela ampliação ou abertura de filiais e pontos de venda avançados – franquias; hospitais; lojas e hotéis – aumentando o número disponível de pontos de atendimento; leitos e refeições servidas.
– Instalações físicas destinadas ao processamento ou armazenamento: contêineres; vagões; galpões e depósitos. As empresas têm utilizado a tecnologia para melhorar os prazos de entrega e serviços prestados aos clientes; tais como rastreamento e etiquetas de radiofrequência. O setor de cargas aéreas no país vive um momento delicado; com diversas empresas em situação precária.
– Mão de obra: em setores menos especializados; contratar terceiros ou temporários é uma solução usual; o que não se aplica às empresas aéreas. Os salários oferecidos aos aeronautas são pouco atraentes; razão da emigração de pilotos brasileiros. Adicione os controladores de vôo – pilares do apagão de quatro anos atrás – cansados; estressados e mal remunerados.
– Equipamentos físicos: investimentos em máquinas; equipamentos e sistemas são colocados nos planos de negócio das companhias; como forma de manter a competitividade frente à concorrência. Bastam algumas visitas aos aeroportos de classe mundial para confirmar que ainda estamos na idade da pedra.
Enfim; há diversas maneiras pelas quais o serviço prestado aos clientes pode ser melhorado; mesmo em épocas de aumento de demanda. Trabalhar a questão da capacidade produtiva é o primeiro passo – planejando; investindo em instalações; máquinas; equipamentos; tecnologia; treinamento; capacitação e motivação da mão de obra.
Apesar da complexidade do setor aéreo; é fato que os próximos natais serão épocas difíceis aos passageiros. Basta considerar projetos que não saem do papel; terminais de carga abarrotados; equipamentos obsoletos; baixos salários; condições precárias de trabalho; políticas e interferências governamentais. Tudo isso sem contar com o aumento da demanda; proveniente do maior poder aquisitivo da nova classe média. Copa do Mundo e Olimpíadas é melhor deixar para uma próxima discussão.
Em suma; o termo lar doce lar; nunca foi tão bem aplicado e utilizado como aos sofridos viajantes que chegam aos caóticos aeroportos brasileiros neste final de ano.
Marcos Morita é mestre em Administração de Empresas e professor da Universidade Mackenzie. Especialista em estratégias empresariais; é colunista; palestrante e consultor de negócios. Há mais de quinze anos atua como executivo em empresas multinacionais.”
Professor Marcos Morita