
Gabriela Otto, presidente da HSMAI celebrou os 10 anos da associação no Brasil e compartilhou insights sobre a indústria
A HSMAI (Hospitality Sales & Marketing Association International) Brasil, que comemora 10 anos de atuação em 2024, se consolidou como uma referência no setor de hospitalidade no país, promovendo inovação e colaboração em áreas-chave da indústria. Segundo Gabriela Otto, presidente da associação, esse marco representa uma década de muito aprendizado, parcerias estratégicas e mudanças significativas no mercado.
“Tudo começou com uma negociação internacional com a TripAdvisor. Eles foram o primeiro grande parceiro que acreditou na gente e nos ajudou a estruturar o capítulo no Brasil”, relembra Otto. O processo inicial, segundo ela, foi longo e custoso, mas fundamental para estabelecer a HSMAI em solo brasileiro. Nos três primeiros anos, o nome da TripAdvisor esteve muito presente nos eventos da associação, o que foi crucial para atrair também a atenção do mercado.
A HSMAI Brasil trouxe uma nova abordagem ao setor, oferecendo destaque para áreas pouco exploradas até então, como revenue management, e dando visibilidade aos profissionais que estão na linha de frente da gestão de canais e preços. “Era algo que nunca se fez antes. Nunca se trouxe os profissionais de revenue management, e-commerce e marketing para o palco, para dar os holofotes a eles”, explica Gabriela.
Ao longo desses 10 anos, a associação também desempenhou um papel essencial na formação de comunidades especializadas, como grupos de heads de revenue management e líderes de vendas, que se reúnem periodicamente para compartilhar desafios e oportunidades. “A HSMAI entra como facilitadora nesse processo. Esses grupos são formados por convidados e as discussões são muito ricas, mas muitas vezes mantidas de forma privada, sem gravações ou transmissões. Por que a ideia aqui é que estes profissionais se fortaleçam entre eles. Esse é o nosso foco, iluminar caminhos”, destaca.
Brasil avança, mas caminho ainda é longo
Apesar dos avanços, Otto reconhece que o Brasil ainda enfrenta desafios, especialmente em termos de formação e tecnologia. “Há 10 anos, estávamos muito atrás em termos de tecnologia, e embora tenhamos melhorado, ainda falta bastante. Um dos maiores gargalos é a falta de recursos humanos qualificados”, aponta.
Gabriela lamenta a ausência de uma formação adequada no país, ressaltando que, em muitos países, é comum encontrar cursos de pós-graduação específicos para revenue management e estratégia hoteleira, algo ainda raro no Brasil. “Infelizmente, não temos essa cultura de buscar formação contínua. Precisamos de mais especialização, mais divisão estratégica nas universidades”, afirma.
Outro ponto levantado por Otto é a necessidade de os líderes do setor se tornarem embaixadores da hospitalidade no Brasil. “Nós, diretores, proprietários de hotéis e líderes de vendas, precisamos ter mais orgulho da nossa indústria. Muitas vezes, falamos mal de gaps que existem, mas a verdade é que o mercado de hospitalidade está crescendo, com grandes marcas de luxo, como Louis Vuitton e Gucci, entrando no setor para provar a excelência em serviço e acolhimento. Temos que ter orgulho do nosso setor e buscar evoluir com ele sempre”, comenta.
Gabriela destaca também que a questão da conectividade tecnológica ainda precisa de avanços significativos. “Não é que não tenhamos tecnologia disponível, mas as conexões ainda são problemáticas. Lá fora, as plataformas são mais abertas, o que facilita a integração de novas soluções, permitindo um mercado mais ágil e lucrativo”, explica. Para ela, melhorar a conectividade e a tecnologia aplicada ao setor é essencial para que a hospitalidade no Brasil se mantenha competitiva e possa se expandir ainda mais nos próximos anos.