Desde o anúncio da retomada das operações do Aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre, o Rio Grande do Sul já constata alta na demanda por viagens. Segundo João Augusto Machado, presidente da Abav-RS, as agências de viagens voltaram a serem procuradas para viagens com foco no segundo semestre de 2024 e o ano de 2025. No entanto, a relação do segmento com as companhias aéreas se mostra estremecida.
“Não houve uma comunicação prévia das companhias, e nós ficávamos atualizando os computadores constantemente para ver se os voos já estavam disponíveis”
“No que diz respeito às agências de viagens e passagens, temos trabalhado com as companhias aéreas. Ficamos bastante chateados com a forma como elas lançaram os voos, sem um planejamento claro, onde em determinado momento começariam a vender novamente. Não houve uma comunicação prévia das companhias, e nós ficávamos atualizando os computadores constantemente para ver se os voos já estavam disponíveis”, disse o dirigente da [Abav-RS ] em entrevista exclusiva ao MERCADO & EVENTOS.
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“Entendemos que hoje não fazemos mais parte do interesse das companhias aéreas em manter uma boa relação. Talvez esse seja um ponto para discutirmos bastante no futuro, para entender como essa mudança se deu”
Machado também manifestou o interesse em entender os fatores que culminaram no enfraquecimento deste contato. “Entendemos que hoje não fazemos mais parte do interesse das companhias aéreas em manter uma boa relação, pois elas têm uma relação mais próxima com as consolidadoras, mas com as agências, essa relação é praticamente zero. Talvez esse seja um ponto para discutirmos bastante no futuro, para entender como essa mudança se deu, porque, muito embora a gente tenha um percentual gigante das vendas para companhias aéreas, então por que não termos mais o tratamento como tínhamos antes?”, indagou.
Bom voos a caminho
Ao que diz respeito sobre a procura de turistas para o estado, Machado acredita na recuperação, assim como ocorreu na pandemia, quando toda a demanda reprimida foi atendida e até superada em relação aos anos anteriores. “Temos a certeza de que, assim que o aeroporto estiver operando plenamente, tanto a demanda emissiva quanto a receptiva será suprida, e conseguiremos recuperar as vendas das agências de viagens, seja para destinos dentro do Brasil ou para o exterior”, afirma o presidente da Abav-RS.
“Temos a certeza de que, assim que o aeroporto estiver operando plenamente, tanto a demanda emissiva quanto a receptiva será suprida”
Desde as enchentes que afetaram a capital gaúcha no primeiro semestre deste ano, a Abav-RS tem atuado junto às agências por meio de capacitações para incentivar a comercialização de pacotes e tours que atendam as demandas básicas, mas também saiam do óbvio.
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“A Abav-RS sempre buscou qualificar e capacitar os agentes de viagens. Realizamos alguns fam tours regionais para que possamos conhecer locais no Rio Grande do Sul que geralmente não costumamos vender. Em parceria com a Secretaria de Turismo, temos atuado no turismo receptivo, preparando o estado para voltar a receber turistas e tentando fomentar toda essa cadeia que trabalha em conjunto”, aponta.
“Acredito que precisamos plantar uma semente para educar os passageiros, mostrando que mesmo para destinos dentro do estado, eles devem procurar um agente de viagem”
Dentro da linha da educação, o dirigente da Abav-RS falou ainda sobre a importância de conscientizar o consumidor sobre os benefícios e relevância do papel do agente de viagens. “Acredito que precisamos plantar uma semente para educar os passageiros, mostrando que mesmo para destinos dentro do estado, eles devem procurar um agente de viagem, porque podemos montar um pacote completo, planejado, evitando que o passageiro chegue em seu destino sem saber o que fazer”.
Quando questionado sobre uma perspectiva para que esses novos voos alcem os números do Turismo no Rio Grande do Sul, o dirigente da Abav-RS disse não ter estimativa, mesmo estando otimista. “Nosso aeroporto já está trabalhando para recuperar todos os voos que tínhamos antes e, quem sabe, até conseguir novos voos e destinos. Com isso, acreditamos que em um curto espaço de tempo poderemos recuperar os prejuízos desses últimos meses”, endossa.
Foco nas vendas

As principais prioridades identificadas foram aumentar vendas, equilibrar finanças, reconstruir o negócio e buscar crédito (Unsplash/Campaign Creators)
O Sebrae RS divulgou nesta semana, a 37ª edição da Pesquisa de Monitoramento dos Pequenos Negócios, realizada entre 2 e 31 de julho, apontando que a maioria dos empreendedores gaúchos prioriza aumentar vendas e equilibrar finanças. A pesquisa entrevistou 597 empreendedores com um nível de confiança de 95% e margem de erro de 3%. O estudo visou avaliar a recuperação, desempenho, necessidades e perspectivas dos micro e pequenos negócios.
De acordo com os dados, as principais prioridades identificadas foram aumentar vendas (59%), equilibrar finanças (58%), reconstruir o negócio (45%) e buscar crédito (44%). Ariel Fernando Berti, diretor-superintendente do Sebrae RS, destacou que “a fase mais aguda após os alagamentos de maio foi relativamente superada”, e que os resultados fornecem diretrizes importantes para o fortalecimento dos pequenos negócios, fundamentais para a recuperação econômica.
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Sobre os impactos dos eventos climáticos recentes, 90% dos entrevistados foram afetados de alguma forma. Dentre eles, 36% relataram danos em parte de suas estruturas, 28% enfrentaram paralisações devido a diversos obstáculos, e 26% sofreram destruição total das instalações. Apenas 10% não foram impactados. Atualmente, 75% das empresas já retomaram suas operações desde julho, enquanto 23% ainda não retornaram, e 2% encerraram suas atividades.
A pesquisa também revelou que 86% dos empreendedores experimentaram redução no faturamento no último bimestre, com 60% observando uma queda superior a 40%. Em resposta, 46% buscaram financiamento, 34% conseguiram e 13% estão em análise. O valor médio de financiamento foi de R$ 92,7 mil por empresa, destinado principalmente ao pagamento de contas (62%), reformas e obras (49%), aquisição de máquinas e equipamentos (45%) e compra de estoque (44%).
Os principais fatores que afetaram os negócios incluíram a falta de recurso financeiro (50%), falta de clientes (48%), e custos de recuperação de estruturas e equipamentos (43%). Outros desafios foram a perda de mercadorias (42%) e problemas na estrutura física da empresa (38%).
Quanto às expectativas econômicas, 62% dos empreendedores estão otimistas quanto à melhora de seu setor, e 44% acreditam na recuperação da economia do RS no próximo bimestre. Enquanto 60% planejam manter suas atividades e 31% buscam expansão, 47% preferem manter a situação atual. Além disso, 58% dos entrevistados têm a intenção de buscar crédito no próximo bimestre para capital de giro, aquisição de máquinas e equipamentos, pagamento de dívidas e inovação.