PARINTINS – A segunda noite do Festival de Parintins, que acontece neste sábado (30) no estado do Amazonas, reacendeu a disputa histórica entre os bois. Sob o tema central “Cultura: o Triunfo do Povo”, o Boi Caprichoso busca o tricampeonato. Na primeira noite do evento (28), o enredo apresentado foi “Raízes: o entrelaçar de gentes e lutas”, que abordou a geração da vida e o sustento por meio da Amazônia, bem como a diversidade de povos e a violência da colonização.
Para este sábado, a segunda noite de apresentação do Caprichoso revelará “Tradições: o Flamejar da Resistência Popular”, utilizando as tradições do povo amazônico com base da história visual e performática. Já no domingo (30), Boi de cor azul finalizará a tríade de apresentações com o espetáculo “Saberes: o Reflorestar das Consciências”, evidenciando o conhecimento milenar da população de povos originários.
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Boi Garantido
De cor vermelha, o Boi Garantido, tem como tema central os “Segredos do Coração”. Na primeira noite do Festival de Parintins, a apresentação falou sobre a “Menina dos Olhos do Mundo”, que buscou deixou claro os segredos da origem da vida. A ancestralidade e a esperança de uma Amazônia respeitada, a lenda Sataré-Mawé da Origem do mundo, que fala sobre a origem da floresta encantada Noçoken e o povo Sataré-Mawé foram mosstrados no bumbódromo. O folclore foi representado no ato Beija-flor, enquanto o povo ficou marcado no ato “Ribeirinhas”. Já o ritual indígena e a história do povo Kanamari foram eternizados na luta para afastar o mal.
Nesta segunda noite do Festival de Parintins, o Boi Garantido vai falar sobre “O segredo da ancestralidade amazônica”, contando a história das primeiras linhas identitária do povo amazonense. As mulheres guerreiras, Amazonas, estarão em solo no bumbódromo, bem como a valorização do folclore com o “sentimento de brincar de boi”. Rituais indígenas e as características do povo indígena continuarão em ênfase.
Início do Festival
Em 1965, um grupo de jovens católicos e padres de Parintins organizou uma campanha para arrecadar fundos para a construção da Catedral Nossa Senhora do Carmo, padroeira da cidade. Na primeira edição, o evento foi apenas um festival de quadrilhas. No ano seguinte, os bois Garantido e Caprichoso foram convidados a participar, originando o Festival Folclórico de Parintins.
Com o passar dos anos, o espetáculo idealizado pelos artistas de Parintins ganhou destaque nacional e internacional, exportando a cultura dos bumbás além das fronteiras do Brasil. Os dois bois começaram a representar o folclore do boi-bumbá nas ruas da cidade, uma variação do bumba-meu-boi do Maranhão, adaptada com lendas e rituais dos povos amazônicos.
O crescimento do Festival de Parintins levou o Governo do Amazonas a construir, em 1988, o Bumbódromo, uma arena em formato de cabeça de boi, dividida em azul e vermelho para a disputa entre os bois. E agora, se mostra pequeno para o festival, o qual será ampliado a partir de 2026.
Como funciona a disputa

A presença de elementos da cultura indígenas esteve presente de forma marcante na apresentação do Garantido (Divulgação/M&E)
O Festival de Parintins ocorre no último fim de semana de junho, dividido em três noites. Cada boi se apresenta no Bumbódromo por um tempo mínimo de 2 horas e máximo de 2 horas e 30 minutos. Durante a apresentação de um boi, a torcida adversária, chamada de ‘galera’, deve permanecer em silêncio, sob risco de punição para o boi.
Os bumbás baseiam suas apresentações em temas anuais. Em 2024, o Caprichoso apresenta “Cultura – O Triunfo do Povo”, enquanto o Garantido leva o tema “Segredos do Coração”. As agremiações lançam um álbum anual com cerca de vinte toadas, músicas tradicionais do boi-bumbá, que podem ser usadas tanto do álbum atual quanto de anos anteriores durante o espetáculo.
Como é a disputa no Festival de Parintins
O Festival de Parintins, realizado no Bumbódromo, é uma competição rica em cultura e tradição, envolvendo apresentações complexas e detalhadas. Cada boi, Garantido e Caprichoso, busca impressionar os jurados em 21 quesitos, conhecidos como ‘itens’. Além desses, há segmentos não julgados, como Pai Francisco e Mãe Catirina, que enriquecem o espetáculo.
Os itens são organizados em três blocos:
- Bloco A: Quesitos comuns e musicais.
- Bloco B: Itens de cenografia e coreografia.
- Bloco C: Elementos artísticos do evento.
A avaliação é feita por uma comissão de jurados, composta por:
- Um presidente da comissão
- Três jurados para o Bloco A
- Três jurados para o Bloco B
- Três jurados para o Bloco C.
Cada noite do festival é avaliada separadamente. Na segunda-feira, 1 de julho, após o último dia de apresentações, ocorre a apuração. Das três notas atribuídas a cada item, a menor é descartada. O boi vencedor é aquele que acumula mais pontos no somatório geral dos blocos ao longo de todas as noites.
Itens julgados no Festival de Parintins
Os jurados avaliam 21 itens, divididos entre individuais e coletivos:
- Apresentador
- Levantador de toadas
- Batucada ou Marujada
- Ritual indígena
- Porta-estandarte
- Amo do boi
- Sinhazinha da fazenda
- Rainha do folclore
- Cunhã-poranga
- Boi bumbá (evolução)
- Toada (letra e música)
- Pajé
- Tribos indígenas
- Tuxauas
- Figura típica regional
- Alegorias
- Lenda amazônica
- Vaqueirada
- Galera
- Coreografia
- Organização do conjunto folclórico
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