As enchentes de 2024 foram um duro golpe para o turismo no Rio Grande do Sul. No entanto, a resiliência e a colaboração entre o governo, o setor privado e a sociedade são fundamentais para a recuperação. Em conversa com Luiz Rodrigues, secretário de Turismo do Estado, o executivo disse que o prejuízo para o setor ainda não foi totalmente contabilizado, mas a estimativa inicial é de R$ 1 bilhão, e o período previsto para retomada das atividades é de no máximo um ano.
“Porto Alegre, por ser a principal porta de entrada do turismo no estado, foi a cidade mais impactada. No entanto, outras regiões também sofreram danos consideráveis, como a Serra Gaúcha e o Vale do Sinos”, aponta.
Uma pesquisa realizada pelo Observatório do Turismo e pela Universidade de Caxias do Sul (UCS) revelou que 65,6% dos eventos turísticos foram afetados pela crise e 82% das empresas de turismo reduziram ou cessaram suas operações. A catástrofe afetou 478 municípios, mais de 2,3 milhões de pessoas, o que dá cerca de 20% da população do estado, e dessas, 423,4 mil estão desalojadas e 18,8 mil em abrigos. Vale ressaltar, que 73,1% dos atrativos privados e 55,5% das atrações.
Entenda o cenário atual do estado na entrevista exclusiva do MERCADO & EVENTOS.
MERCADO & EVENTOS – Secretário Rodriguez, quais os principais impactos das chuvas no setor turístico do Rio Grande do Sul e quais as regiões mais afetadas pelas inundações?
Luiz Fernando Rodriguez: As chuvas causaram um impacto significativo no turismo gaúcho. Estimamos que o prejuízo total seja de R$ 1 bilhão, com 82% das empresas de turismo tendo suas operações reduzidas ou cessadas. Além disso, houve danos a pelo menos 73,1% dos atrativos privados e a 55,5% das atrações públicas. Porto Alegre, por ser a principal porta de entrada do turismo no estado, foi a cidade mais impactada. No entanto, outras regiões também sofreram danos consideráveis, como a Serra Gaúcha e o Vale do Sinos.
MERCADO & EVENTOS – O que o governo do estado está fazendo para minimizar os impactos e auxiliar na retomada do turismo?
Luiz Fernando Rodriguez: Estamos trabalhando em diversas frentes para a retomada do turismo no Rio Grande do Sul. Entre as ações, podemos destacar:
- Mapeamento dos impactos: Realizamos um estudo detalhado para identificar os danos causados ao setor turístico em cada região do estado.
- Transferência de recursos federais: Buscamos recursos junto ao Governo Federal para auxiliar na reconstrução da infraestrutura turística e na promoção do estado.
- Crédito emergencial: Disponibilizamos crédito emergencial para empresas de turismo e empreendimentos turísticos afetados pelas chuvas.
- Redução de alíquotas do IPI: Solicitamos ao Ministério da Fazenda a redução das alíquotas do IPI para produtos e serviços turísticos.
- Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos: Ampliamos o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (PERSE) para atender todo o setor de turismo e eventos do estado. Promoção turística: Intensificamos a promoção do Rio Grande do Sul como destino turístico, nacional e internacionalmente.
MERCADO & EVENTOS – Qual o tempo estimado para a retomada do turismo e quais as perspectivas para o futuro do turismo do Rio Grande do Sul?
Luiz Fernando Rodriguez: Acreditamos que, com um esforço coordenado e o comprometimento de todos os envolvidos, poderemos ver sinais significativos de plena recuperação em no máximo um ano. Nossa prioridade é garantir que o Rio Grande do Sul continue a ser um destino acolhedor e seguro para os turistas.
O estado tem um enorme potencial turístico e estamos confiantes de que o setor se recuperará rapidamente e voltará a ser um dos pilares da nossa economia. Temos uma rica cultura, paisagens deslumbrantes e um povo hospitaleiro que recebe os turistas de braços abertos.
MERCADO & EVENTOS – Qual a mensagem que o senhor gostaria de deixar para os turistas que estão pensando em visitar o Rio Grande do Sul?
Luiz Fernando Rodriguez: O Rio Grande do Sul está aberto para receber turistas! As chuvas causaram alguns transtornos, mas o estado está se recuperando rapidamente. Temos certeza de que o turista terá uma experiência única e inesquecível ao visitar o nosso estado.
Retrospectiva
A enchente deste ano em Porto Alegre superou a marca histórica.de 1983, com mais de 2,3 milhões de pessoas afetadas, superando as 1,3 milhão de indivíduos atingidos no ano de comparação. Além disso, aproximadamente 175 vieram a óbito e pelo menos 38 continuam desaparecidas, segundo a Defesa Civil estadual.
A capital gaúcha foi uma das áreas mais atingidas, com o nível do Guaíba superando o recorde de 1983, porém diversos bairros, incluindo o Centro Histórico, sofreram com danos as casas, comércios e infraestrutura. “Estamos trabalhando em diversas frentes para a retomada do turismo no Rio Grande do Sul. Entre as ações, podemos destacar o mapeamento dos impactos, a busca por recursos federais e a intensificação da promoção do estado como destino turístico”, afirmou Rodriguez.
Novas chuvas
Um alerta da Defesa Civil prevê o retorno de chuvas intensas no estado entre os próximos dias 14 e 17 de junho. Segundo as autoridades, os modelos de previsão indicam que os volumes acumulados para o período devem ficar entre 50 milímetros (mm) e 120 mm na região das Missões, Centro e Noroeste. Já em Porto Alegre, região metropolitana, Vales e Serra, os volumes podem variar entre 45mm e 75 mm.
“Ainda permanece a condição de um novo bloqueio atmosférico no Brasil central, que deve fazer com que frentes frias e instabilidades fiquem atuando no sul do país”, diz informe da Defesa Civil emitido no último domingo (9).