LONDRES – O Brasil deve fechar 2023 com uma média de seis milhões de turistas estrangeiros, o que, na visão da gerente de Informação e Inteligência de Dados da Embratur, Mariana Aldrigui, deve se manter pelos próximos anos. A executiva participa da WTM 2023, que acontece em Londres desta segunda (6) até quarta-feira (8), e concedeu uma entrevista ao M&E.
“Acreditamos que vamos nos estabilizar nesse patamar. Importante dizer que isso é reflexo de vários fatores. A gente entra com as questões de geopolítica, avaliação cambial e a conectividade, que é hoje o maior gargalo do Brasil. Sem mais voos internacionais e sem melhor conexão interna, a gente não passa de seis milhões de turistas internacionais nos próximos anos”, avalia a gerente.
Sem mais voos internacionais e sem melhor conexão interna, a gente não passa de seis milhões de turistas internacionais nos próximos anos
De acordo com ela, é muito difícil sair dessa quantidade por conta da conectividade. “Para termos mais turistas, precisamos que a nossa economia esteja bem melhor, se a nossa economia estiver melhor, o brasileiro ocupa os aviões e isso impacta positivamente nas companhias aérea, porque as companhias aéreas dependem do nosso mercado para aumentar as frequências. Então a gente precisa ter um tempo de estabilidade da nossa economia para o mercado brasileiro ficar estável, para assim, então, conseguirmos ampliar o mercado estrangeiro internacional”, explica Aldrigui.
Mudança de perfil
Segundo Aldrigui, os dados mostram que a antecedência mínima de compra de passagem hoje está um pouco menor do que o histórico. “Ou seja, antes, com mais ou menos 80 dias, os estrangeiros já tinham reservas, era possível ver isso nos painéis, agora esse tempo está um pouco mais curto. Isso pode ter relação direta com o fato de que a gente está recebendo muito mais turistas vindos dos países vizinhos, como Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai. Nesses casos, até pela proximidade e pela oferta muito maior de voos, eles conseguem ter essa flexibilidade”, afirma.
Não estamos num cenário fácil, na verdade há muita competição de todos os outros países, que se mostram com campanhas muito agressivas, com histórias bem contadas. Então o caminho que o Brasil precisa percorrer ainda é muito longo
Dos seis milhões de turistas previstos, pelo menos metade são argentinos e chilenos. “Essa situação nos dá um indicativo de que a imagem do Brasil ainda precisa muito ser bem trabalhada e muito recuperada. Aqui, participando da WTM, a gente percebe que não estamos num cenário fácil, na verdade há muita competição de todos os outros países, que se mostram com campanhas muito agressivas, com histórias bem contadas. Então o caminho que o Brasil precisa percorrer ainda é muito longo”, finaliza.
O M&E viaja com proteção GTA.