Para os brasileiros, Argentina lembra parrilla, o lendário churrasco feito com lenha e fogo vivo, diferente do que geralmente é feito no Brasil com carvão. A carne no país vizinho é conhecida pelo sabor rico e pela sua maciez e, para combinar com seus sabores únicos, nada melhor que os vinhos tintos de uva Malbec, produzidos na província de Mendoza.
O que os turistas e viajantes brasileiros estão começando a descobrir, porém, é que a gastronomia argentina, formada por uma combinação da cultura dos colonizadores espanhóis, dos povos nativos e dos imigrantes que vieram no século 19, tem muito mais variações e surpresas do que se imagina.
Pouca gente se surpreendeu em março quando o Don Julio, parrilla de Palermo Viejo, em Buenos Aires, foi eleito como melhor restaurante de carnes do mundo no World’s 101 Best Steak Restaurants, um ranking organizado anualmente em Londres.
Já no ranking do Latin America’s 50 Best Restaurants do ano passado, 8 dos campeões ficam em Buenos Aires. A amostra gigante ilustra a variedade da gastronomia do país: além do Don Julio está também a parrilla Elena, do luxuoso hotel Four Seasons; o modernoso Aramburu, que usa ingredientes locais com influência do estilo molecular, e o original Julia, que abre apenas de segunda a sexta à noite, num clima de wine bar.
Do outro lado do espectro gastronômico, o El Preferido de Palermo se inspira nos petiscos dos antigos e tradicionais botecos portenhos, o Mishiguene faz versões modernas de pratos judaicos, o Chila, de alta gastronomia e o Gran Dabbang que combina ingredientes locais com street food asiática.
Street food – Outras variedades, mais econômicas e amigas do bolso, passam por experiências gastronômicas de rua. Em Buenos Aires é clara a influência dos imigrantes europeus, principalmente italianos, com suas pizzas e massas, e dos espanhóis, que trouxeram tapas e pratos como a tortilla de papas, um clássico da culinária raiz que pode ser provado em sua versão tradicional nos mercados da cidade. A street food inclui o choripán, clássico sanduíche de linguiça com diferentes temperos, entre os quais o favorito é o molho de ervas conhecido como chimichurri.
Variedades regionais – No Norte Argentino, em províncias como Salta e Jujuy, há muita influência da cozinha dos povos indígenas, com as famosas empanadas de diversos sabores, as humitas e os tamales. Ali, os vinhos que se destacam são os brancos, produzidos com a uva Torrontés em grande altitude, nas montanhas de Salta. As tortillas rellenas, que não tem nenhuma semelhança com as tortillas espanholas, são uma comida de rua extremamente popular, constituída por uma massa com recheios variados, assada em churrasqueiras diante do freguês.
Lá também brilham o Pastel de Choclo — que, apesar do nome, não parece com o nosso pastel, e sim com o escondidinho. É uma massa de milho que cobre um recheio que pode ser de carne ou frango. Em Catamarca, o jigote é um prato celebrado, e o cabrito também faz sucesso. E, como sobremesa, os quesillos, que na aparência lembram os pudins brasileiros, mas têm uma receita diferente.
Na Patagônia, ao Sul, há muitos peixes no cardápio, mas a estrela costuma ser o Cordeiro Patagônico, com seu sabor único, preparado de diversas maneiras, mas sempre com cozimento muito lento, ao longo de várias horas. Já no litoral do extremo sul, próximo a Ushuaia, a estrela é o delicioso caranguejo gigante, conhecido pelo nome de centolla. Em toda a região, a presença de imigrantes de origem alemã favoreceu a presença de doces que lembram os da europa central. Uma coisa é certa: quem viaja à Argentina em busca de novas experiências gastronômicas não vai se decepcionar.