BERLIM – Como divulgado pelo M&E, o Brasil está pronto para voltar a exigir vistos de turistas provenientes de Estados Unidos, do Canadá, da Austrália e do Japão. Na ocasião, de acordo com portal g1, a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já foi informada ao Itamaraty e deve começar a valer no dia 1° de outubro. Mas o que os destinos, DMCs e mais coexpositores que participam da ITB 2023 acham disso? Veja a opinião dos profissionais abaixo.
“Entendemos esta notícia como um grande retrocesso para nosso setor. Eu ainda tenho para mim que essa tomada de decisão possa ser revista, sobretudo com as lideranças que temos no Ministério do Turismo e na Embratur. É importante reconhecer que a isenção de vistos para estes países emissores, sobre tudo para os Estados Unidos, é importantíssimo, porque é o nosso segundo maior mercado emissor. É um grande facilitador na conversão de viagens para o Rio de Janeiro. Voltar atrás nesta decisão, vai impactar todos os negócios e todo o trabalho de promoção que fizemos do destino nos últimos anos” – Roberta Werner, diretora executiva do Rio CVB/Visit Rio.
“Por que eu sou totalmente contra? Você acha o que? Que o Brasil é melhor do que o resto do mundo? Que os turistas têm que pagar para visitar? O que eles estão pensando? Que é a décima maravilha do mundo? O Brasil é a Shangri-La do mundo? A gente que está precisando deles. Eles não precisam da gente, porque o mundo inteiro vai para lá. A gente está precisando deles, então tinha que ser de graça e ainda tinha que oferecer um Rolex a cada um que viesse ao Brasil” – Regina Ahmed, diretora de Promoção da Secretaria de Turismo da Bahia.
“A gente já tem muita dificuldade de trazer turistas e agora esbarramos em mais problemas que dificultam a vida do turista para cá. Voltar com a exigência de visto, por mais que seja uma questão da reciprocidade, não é a melhor decisão. Temos mesmo é que facilitar ao máximo a vinda dos turistas para o Brasil. Enquanto não levarem o Turismo a sério, como uma indústria, que gera divisa, que gera empregos e gera dinheiro, não vamos a lugar nenhum” – Vânia Mendes, gerente de Vendas da Del Bianco.
“Eu sou a favor de que a gente continue não cobrando, porque facilita muito o trabalho do receptivo para seguirmos desenvolvendo e trazendo turistas. É sempre um fator impeditivo trabalhar com o mercado quando já temos a limitação do visto. O Brasil tinha dado um passo certeiro na direção de acabar com essa restrição. São realidades muito diferentes dentro desta questão da reciprocidade. Hoje, o Brasil precisa mais do turista norte-americano do que os EUA precisam dos turistas brasileiros. Eu entendo o ponto da reciprocidade, mas eu acho que não é o caminho a gente cortar a parte boa que estávamos recebendo em função disso” – Thiago Azeredo, representante Comercial da Journeys DMC para Estados Unidos, Ásia e Europa.
“Sou inteiramente contra. É um grande retrocesso. Já demoramos muito para conseguir esta evolução e agora retroceder tão rápido. O período mensurado de que não houve aumento de tráfego foi durante a pandemia. Nem deu tempo para se mensurar. Então, dizer que vai voltar a exigir vistos porque não teve resultado, não entra na minha cabeça que seja correto. Acho que falta tempo e boa vontade, então eu sou inteiramente contra esta decisão” – Marize Sterental, gerente de Novos Mercados da GM Travel.
“A gente como Empresa Estadual de Turismo do Amazonas é totalmente contra o retorno da exigência de vistos, porque é um retrocesso e criar novos obstáculos para aumentarmos os números de turistas em nosso país. A chegada de mais visitantes só traz benefícios e assim desenvolver a economia local. A reciprocidade precisa ter o primeiro passo. Se a gente não cobrar vistos, já é um primeiro passo para este país não cobrar da gente” – Adelson Pacheco, assessor de Marketing da Amazonastur.
“Eu sou a favor da volta da exigência dos vistos porque é uma forma de controlar o tempo que as pessoas passam no país. Da mesma forma que é exigido dos brasileiros vistos para a entrada nestes países, por que não exigir dos outros turistas na chegada ao nosso país? É uma forma de controlar as atividades que eles exercem no nosso país, muitas vezes não sabemos a procedência destes visitantes, porque no Brasil não existe este tipo de controle. Eu acho que é até uma maneira de controlar o fluxo turístico, mas, no final das contas, não sei se é 100% efetiva. Apesar disso, sou a favor” – Pérola Ramos, representante Comercial da Amazon Lodge na Europa.
“Eu acho que essa decisão complica um pouco a entrada de turistas internacionais, sobretudo proveniente do mercado norte-americano que é muito grande e importante para a gente. A não exigência do visto é muito importante para a indústria do Turismo” – Milena Pedrosa, secretária adjunta de Turismo e Cultura do Estado de Minas Gerais.
“Sou contra a volta da exigência de visto para estes turistas porque é um obstáculo a mais para o fluxo turístico dentro do país. A gente tem que facilitar o fluxo dos visitantes, o Brasil tem um potencial enorme e uma grande capacidade de receber os visitantes, principalmente para crescimento do Turismo internacional, e os vistos são um obstáculo a mais na hora dos turistas decidirem para onde irão” – Daniel Rondon, Eco Turismo e Aventura do Mato Grosso do Sul.
“Não podemos, daqui para frente, exigir vistos para estes mercados, porque vai dificultar muito a viagem deles para o Brasil. A concorrência na América do Sul é muito grande. Isto será horrível porque dificulta ainda mais nossa situação e complica o desenvolvimento turístico num país que já tem grandes desafios, ou seja, a exigência vai dificultar ainda mais a nossa situação. E não há razão para voltar a cobrar o visto porque os turistas ajudam o desenvolvimento do Brasil” – Mark Baker, presidente da Amazon Nature Tours.
“O retorno dos vistos para estes países inibe as vendas e o deslocamento dos turistas para o Brasil. A gente, como DMC, sentiu um aumento na procura destes mercados para o Brasil quando os vistos foram retirados. E agora com a volta da exigência de vistos, é previsível uma redução da procura de emissão de viagens destes mercados para o nosso país” – Nuno Veríssimo, diretor da Compass Brasil DMC.
“Eu sou contra a volta dos vistos porque dificulta muito a venda para as empresas receptivas. A isenção de vistos facilita muito a vida destes turistas para o Brasil. A gente não teve nem tempo de aproveitar a isenção e de divulgar esta boa notícia para o mercado porque tivemos a pandemia no meio do caminho” – Fernanda Freitas, diretora do Departamento Incoming da Personal Brazil Incoming.
“Eu sou contra porque tenho a clara visão de que qualquer barreira que impeça a vinda de turistas é negativa para todo o país. Principalmente os norte-americanos que têm um gasto médio diário alto, então por que bloquear este mercado tão valioso para a gente por conta de visto?” – Vitor Correia, Guia Country Manager da AS Brasil DMC.
“Eu acredito que a questão da reciprocidade com os Estados Unidos é importante porque não há uma valorização do turismo reverso. Eles querem os brasileiros. Orlando, Miami e outras regiões que estão acostumados com os brasileiros que viaja sempre para lá, que gasta muito, sentiram falta, mas na hora que estamos lá fazendo promoção, investir em novos voos ou qualquer outra ação, não existe esta reciprocidade do mercado. Ok, eu quero receber brasileiro, mas não quero mandar. Já Japão e Austrália, a gente sabe que é complicado. Somar a distância com o visto, aí que você dificulta e muito o acesso deles ao Brasil, então valeria a pena manter esta isenção para estes países” – Carolina Ramalho, representante na Europa da Itaparica Tour Operator.
“Eu até não tinha tantas restrições quanto aos vistos antes de serem liberados, até acredito que é uma força diplomática do Brasil manter esta reciprocidade, mas, uma vez que já tem quatro anos que os vistos foram liberados, voltar a exigir visto só por uma diferença política, eu acho uma grande bobagem e vai atrapalhar o turismo receptivo no Brasil” – Rodrigo Pinto, diretor da LATC Brasil.
“Sou totalmente contra. É realmente uma idiotice, é andar para trás, é voltar dez anos sem necessidade. Não vai ter norte-americano, não vai ter australiano e nem japonês querendo entrar ilegalmente no Brasil, e essa história da reciprocidade dá para se arranjar tecnicamente uma maneira de fazer com que não se exija que o visitante mande o passaporte para embaixada para receber um carimbo e pagar US$ 150 por isso. É andar para trás. Aí ele diz que não houve incremento, mas é claro, tivemos a pandemia, tudo ficou parado por três anos” – Carlos Silva, da Opco e da Promotional Travel.
O M&E viaja com proteção GTA, apoio da Shift Mobilidade Corporativa e hospedagem Eurostars Berlin.