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Opinião

OPINIÃO – Operacionalização do Turismo

airton abreu

O empresário Airton Abreu (Divulgação)

O Turismo é a atividade econômica que mais cresce no mundo, com altas taxas, tanto em número de turista, quanto de dispêndios que são realizados nos locais visitados. O segmento responde por 1 (um) entre 5 (cinco) postos de trabalho criados no mundo e é o segundo setor que mais cresce perante a economia global, conforme estatísticas do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC). Segundo dados levantados em 2018 pelo Conselho Mundial de Viagem e Turismo (WTTC) o setor gerou US$ 8,8 trilhões e manteve 319 milhões de empregos em todo o mundo.

No Brasil oito por cento do PIB nacional vem das atividades ligadas ao turismo. São US$ 152,5 bilhões e 7,5% dos empregos do País, ou seja, 6,9 milhões de postos de trabalho, conforme dados divulgados pelo Ministério do Turismo (MTur). Números que traduzem a força do segmento turístico em nosso destino gerando desenvolvimento e prosperidade, porém muito aquém das potencialidades e biodiversidades existentes nas diversas regiões brasileiras, haja vista que entre 2014 e 2018 o turismo internacional para o nosso país cresceu 3%, enquanto no mundo o crescimento foi de 24%, e continuamos a receber aproximadamente 6,6 milhões de visitantes ao ano conforme pode-se constatar nos gráficos a seguir:Screen Shot 2022-10-13 at 15.51.46

O Brasil precisa ter uma política nacional, voltada para o turismo visando aumentar significativamente o fluxo de visitantes, pois não somos um destino consolidado, motivo pelo qual devemos dar atenção ao desenvolvimento do segmento, envolvendo os governos, federal, estadual e municipal de forma integrada, pois em um mundo globalizado onde os serviços e tecnologias estão cada vez mais rápidos e avançados obrigando a economia , em particular o Turismo, a buscar instrumentos para manter-se no mercado de forma competitiva, bem como oferecendo à sociedade , mais emprego e maior geração de renda, melhorando significativamente o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Porém, devemos atentar ao fato de que isso somente se tornará realidade com ações públicas bem planejadas e com um setor privado capacitado de tal forma que a atividade turística integrada ao centro da política social, cultural e econômica, poderá atingir esses objetivos de forma eficaz.

A implementação das ações, bem planejadas e estruturadas e com determinação política, trarão resultados extraordinários ao segmento, muitas das vezes difíceis de serem dimensionado, haja vista, impactarem vários setores produtivos. Nesse sentido as Políticas Públicas são de fundamental importância para o desenvolvimento do Turismo brasileiro, conforme afirma Vieira (2011,p.20), “cabe ao Estado primar pelo planejamento e por todos os outros fatores essenciais ao desenvolvimento do turismo, em cooperação com a iniciativa privada para alcançar um bom desenvolvimento da atividade turistica”

Assim, esforços em ações bem estruturadas poderão ser realizados para que o Turismo, possa impulsionar o destino, tornando-se uma atividade propulsora da economia. O Brasil é um destino privilegiado, pois possui produtos turísticos únicos em suas diversas regiões como patrimônio histórico, belezas naturais, artesanatos e culinária diferenciados dos demais países do mundo.

Temos condições inigualáveis no que diz respeito às nossas belezas naturais e características culturais peculiares para consolidarmos o turismo de lazer, negócios, incentivo, gastronômico, náutico, aventura, ecológico, cultural e religioso, áreas que atualmente não estão sendo exploradas adequadamente.

Cabe ao Ministério do Turismo, sendo um fator fundamental, colocar em prática uma política de desenvolvimento do turismo em nível nacional com a participação efetiva de todos, envolvendo os governos, trade e sociedade organizada, tomando como base o binômio desenvolver e promover, colocando em prática ações de infraestrutura, qualificação de mão de obra, divulgação, comercialização em suma operacionalizar o segmento de forma integrada.

Os dois vetores estão diretamente ligados, porém cada um requer uma política especial com planejamento e estratégias bem definidas e, consequentemente, a integração entre órgãos administrativos de governo para solução imediata dos principais problemas que afligem o setor turístico, atuando prioritariamente na operacionalização do segmento.

As regiões turísticas brasileiras para se tornarem destinos preferidos pelos turistas tem que oferecer infraestrutura e qualidade no que tange as vias de acesso, limpeza pública, higiene de bares e restaurantes, iluminação e segurança pública de qualidade, treinamento de profissionais do segmento como receptivo, transporte, serviço de guias, dentre outros.

Além da beleza natural o Brasil tem que pensar em inovação para oferecer aos nossos visitantes vivências e experiências diferentes, porém ainda estamos a passos lentos em relação a isso. Outro fator que impacta negativamente para quem pretende investir no setor é a burocracia, pois o país aparece na 116ª posição que apresentam facilidades para abrir um negócio.

A criação de um calendário cultural e turístico do destino Brasil com definição de um ano de antecedência, para fins de planejamento e divulgação, criando estratégia de comunicação previamente estabelecidas objetivando alcançar o sucesso na promoção desses eventos, junto ao público consumidor.

Com base no calendário aprovado devemos desenvolver ações com jornalistas nacionais e internacionais com o objetivo de criar uma imagem positiva do país como destinação turística, especialmente nos eventos culturais como carnaval, festas religiosas, festival de música e cinema , artesanato, gastronomia, além do turismo de lazer e ecológico, promovendo ações de press trip, ou seja, arranjo de negócio em que uma entidade investe tempo e dinheiro para trazer jornalistas e/ou fotógrafos, para visitar um atrativo ou destino com objetivo de vender histórias e imagens sobre a estada, tornando-se um instrumento que poderá ser utilizado para conseguir publicidade positiva para os roteiros conforme definição do MTur.

Realizar com operadores e agentes de viagens visitação às regiões turísticas brasileiras, para que todos tenham uma visão unificada da infraestrutura e equipamentos existentes em cada destino identificando de forma acertada a sua comercialização.

Inicialmente temos que segmentar o mercado estudando estatisticamente os grupos homogêneos de turistas, identificando uma série de diferenças, como faixa etária, motivo da viagem, escolaridade, ocupação, estilo de vida, tipo de transporte, nível econômico, renda, destino geográfico, ciclo de vida e outras pois segundo PANOSSO NETTO; ANSARAH, (2015, p.15), “O mercado turístico é dinâmico, as pessoas continuam a viajar pelos mais diversos motivos. Os destinos mudam as formas de viajar, mudam os anseios dos turistas, mudam os produtos ofertados. Compreender os novos avanços e rumos da atividade turística requer visão de mercado, mas não somente isso, é necessário também ler os sinais da sociedade: crescimento e recessão econômica, alteração dos gostos dos turistas; entrada e saída de novos destinos no mercado”, (PANOSSO NETO; ANSARAH, 2015, p.15).

Sendo assim, é de fundamental importância a utilização da segmentação para analisar as preferências dos turistas, facilitando a identificação das suas razões de viajar para um local específico, possibilitando aos gestores e as empresas atuarem de forma focada, atendendo às necessidades de cada grupo de clientes bem como poderão utilizar-se de campanhas de marketing de forma assertiva, obtendo respostas positivas na expansão do negócio, podendo ser adotada tanto para destinos quanto para empresas de turismo.

Segmenta-se os mercados para que os destinos assegurem um melhor desempenho que os concorrentes e se posicionem como preferidos. Contudo, a implementação de um processo de segmentação (identificação de critérios pertinentes, avaliação da atividade dos segmentos e posicionamento competitivo) adequado pressupõe a existência de estruturas adequadas que assegurem o domínio de informação pertinente para acompanhar sistematicamente a evolução do mercado e dos consumidores” (MENDES; GUERREIRO, 2016, p.86).

Esse trabalho deve ser desenvolvido pelo Gestor do Turismo do destino, com a participação efetiva do trade receptivo e emissivo, com o objetivo de planejar ações visando identificar o público-alvo para os “nichos” existentes nas regiões pois como afirma Lage (1992, p. 62), deve-se realizar “a divisão desse mercado em vários segmentos, porque o produto turístico não pode atrair todos os consumidores ao mesmo tempo”. É importante que as informaçõe estejam bem especificadas e sistematizadas, de tal forma que o cliente possa encontrar e consumir aquilo que foi ofertado e ficar satisfeito.

Definido o público-alvo para o segmento turístico, devemos atentar ao fato que teremos que desenvolver ações de comercialização através das agências de turismo (operadoras de turismo e agências de viagem), que segundo Cunha (2001) mencionado por Braga (2008, p.30) o canal de distribuição é: “ Uma estrutura operativa, um sistema de relações ou várias combinações de organizações por meio das quais um produtor de bens e serviços vende ou confirma a viagem de um comprador”. Essa distribuição será realizada nos principais mercados emissores a nível nacional e internacional, isto é, com grandes operadoras que são empresas que elaboram pacotes turísticos, combinando transportes, meios de hospedagem, serviços de guias, entretenimento, alimentação proporcionando o convívio e a vivencia do turista no destino escolhido.

As agências de viagem funcionam como canais de distribuição dos produtos turísticos disponibilizados pelas operadoras que conforme BENI (2002, p.172), é um “conjunto composto de bens e serviços produzidos em diversas unidades econômicas, que sofre uma agregação no mercado ao serem postos em destaques aos atrativos turísticos”, podendo ser oferecidos de forma segmentada por públicos diferentes ou por motivos diversos, atuando tanto fisicamente quanto no ambiente virtual, viabilizando o marketing, utilizando sites do destino, redes sociais, mídias cooperadas, incluindo o destino em seus catálogos distribuídos em seus pontos de venda, treinando estes atores para aprenderem a vender e divulgar uma imagem positiva do destino.

Com as ações de divulgação ocorrerá o incentivo da prática da operação dos voos fretados (charter), geralmente sem escalas direto ao destino e que possuem baixo custo de operação reduzindo o valor da passagem e do pacote turístico, objetivando aumentar o fluxo, porém é necessário divulgar, comercializar e operacionalizar o destino Brasil. O fundamental do processo será manter a parceria com a maioria das operadoras, com o intuito de oferecer o produto de cada região a preço competitivo, aumentando significativamente fluxo para o nosso país.

A operacionalização poderá elevar o fluxo de visistantes para os diversos destinos turisticos brasileiros, porém é necessário realizar um diagnóstico com indicativo de solução por meio de uma equipe gestora capacitada para desenvolver e melhorar a infraestrutura básica, bem como promover os atratativos , naturais, culturais e patrimoniais , por meio de cooperação de divulgação e comercialização com grandes operadores a níveis nacional e internacional, com o intuito de despertar o interesse do público alvo.

Airton Oliveira de Abreu é formado em Economia pela Faculdade de Ciências Políticas Econômicas do RJ e em Administração pela Faculdade Cândido Mendes RJ. Tem MBA em Gestão de Negócios em Turismo pela Universidade Anhembi Morumbi e pós- graduação em Turismo e Hotelaria pela Faculdade Faveni. Já foi secretário de Turismo do Maranhão de 2003 a 2006.

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