A história de Carlos Antunes na aviação comercial ganhou um capítulo para lá de especial no dia 24 de janeiro de 2022, ao assumir como o mais novo diretor Regional Brasil/América do Sul da TAP. Após 10 anos longe da companhia portuguesa, onde começou sua carreira, e com passagens por Alitalia, Copa e Etihad Airways, Carlos Antunes retorna para escrever uma nova história, agora com novos desafios e responsabilidades.
Além de já divulgar todas as novidades relacionadas a retomada das operações da TAP no Brasil, o investimento ainda maior nos agentes de viagens, bem como o interesse da TAP em avaliar um possível novo voo para Florianópolis, o bate-papo exclusivo do M&E com Carlos Antunes abordou também toda a história de desafios e conquistas que o fizeram aceitar o desafio de dirigir uma das maiores companhias internacionais com presença no Brasil.
“Minha entrada na TAP é um desafio extraordinário. Não será fácil, nem viável para ninguém substituir Mario Carvalho, que é insubstituível, então eu entro para dar continuidade ao seu trabalho. Ele é meu mentor, é o meu professor”
“Minha entrada na TAP é um desafio extraordinário. Não será fácil, nem viável para ninguém substituir Mario Carvalho, que é insubstituível, então eu entro para dar continuidade ao seu trabalho. Ele é meu mentor, é o meu professor. Quando entrei na TAP no Brasil, trabalhamos juntos por dez anos, continuamos sempre amigos, trocando informações de mercado, logo o Mário continua conosco por alguns meses como conselheiro, nos ajudando neste cenário de crescimento acelerado”, disse Antunes.
Ele reconhece o privilégio e o prazer de sentar na cadeira que foi de Mário por exatos 20 anos. “É um privilégio, um prazer sentar na cadeira dele, mas também um grande desafio. Vou contar com minha experiência ao longo destes anos na TAP e fora dela para dar continuidade a esse trabalho. É uma estratégia de presença junto ao trade, de ter objetivos claros, de construir nosso relacionamento”, destacou Carlos Antunes.
DIFERENCIAL – Segundo o diretor, a TAP tem algo que a maioria das companhias aéreas não tem. “Temos pessoas em todos os lados, em cada base, estamos no mercado. Não somos uma empresa que é call center. Não somos uma empresa que só tem um site. Nós temos estas pessoas, além do site e do call center, para estarem presentes e ajudar a vender o produto e o destino, em um ambiente e com atendimento mais humanizado”, disse.
A estratégia de Carlos à frente da TAP
O novo diretor geral da TAP frisa que a companhia tem uma administração nova. “Não é segredo para ninguém, com competência comprovada em ambiente internacional. Temos a primeira CEO da mulher da TAP em 77 anos, além de figuras chave da empresa que vêm do ambiente internacional, muitos deles passaram anos em representações comerciais e de vendas, então nossa conversa é muito orientada a resultados, a fazer coisas diferentes para obter resultados diferentes”, disse.
A estratégia neste primeiro momento é baseada em dois pilares. “Retomar as operações pré-pandemia e investir nas agências de viagens, já que precisamos desta proximidade”.
A estratégia neste primeiro momento é baseada em dois pilares. “Retomar as operações pré-pandemia e investir nas agências de viagens, já que precisamos desta proximidade. A TAP não está interessada em relacionamentos transacionais. Queremos que nossos clientes se fidelizem através do nosso programa de milhagem, e que o agente de viagens que trabalha conosco possam nos recomendar pela assistência que damos, pela nossa presença e pelos nossos serviços”, frisou Antunes.
Reabertura de bases e a retomada de voos
Carlos lembra que a TAP ficou completamente sujeita a reabertura de fronteiras, mas assim que isso aconteceu, o ritmo de crescimento, segundo ele, tem sido extraordinário. “Tanto em volume de passageiros, como em rotas, estamos retomando tudo. Esta é a nossa prioridade hoje, restabelecer as operações que tínhamos antes da pandemia no Brasil e, aí, continuamente, analisar novas oportunidades”, disse o diretor geral da TAP.
Segundo ele, a companhia portuguesa hoje já tem 75% da capacidade de assentos que tínhamos no Brasil, chegando ao fim do ano com 90%. Como já vimos aqui no M&E, a TAP vai chegar em julho, que é o pico do verão na Europa, com 72 voos semanais para o Brasil. “Antes da pandemia, tínhamos uns 82, 83, mas não também não quer dizer que não iremos avaliar oportunidades no segundo semestre e que isso não possa aumentar ainda mais”, frisou.
A330neo ou A321LR – “Temos uma frota que é uma das mais modernas da Europa. Operamos para o Brasil com o A330neo, que é moderníssimo, e com o A321 Long Range. E qual a diferença destas aeronaves para os equipamentos da geração anterior? Consome menos combustível, tem um entretenimento touchscreen, poltronas fantásticas, mas tem uma coisa a mais. Você não se sente tão cansado, o nariz não fica seco, os olhos não ficam lacrimejando, porque essas aeronaves tem uma pressão atmosférica e unidade maior, mais parecido com o que temos aqui, criando conforto para o passageiro”, disse Antunes.
O que mudou do Carlos Antunes de 2012 para hoje?

Carlos Antunes diz que traz uma experiência fortalecida por quatro empresas referências no seu setor
Segundo o diretor, é um Carlos com muito mais cabelos brancos, que traz uma experiência fortalecida por quatro empresas referências no seu setor, mas completamente diferentes. “Eu trago esta experiência para a TAP. Muito em linha com aquilo que a direção da TAP é hoje em dia, com experiência de mercado. É um Carlos mais velho, mas com energia redobrada pelo desafio que é liderar a TAP em um de nossos mercados mais importantes”, disse.
“É um Carlos mais velho, mas com energia redobrada pelo desafio que é liderar a TAP em um de nossos mercados mais importantes”
Antunes não escondeu sua felicidade com o novo desafio. “Estou muito feliz com o desafio, por ter sido selecionado, por ter a possibilidade de contribuir e continuar fazendo a TAP uma companhia aérea europeia dos brasileiros e nosso principal está aqui, trabalhando em conjunto com o Turismo de Portugal para fazer o país cada vez mais próximo dos brasileiros”, destacou.
O “sim” para a TAP foi de imediato?
O M&E quis saber se Carlos Antunes disse “sim” para TAP logo após receber o convite. O executivo foi sincero, demorou um pouco a aceitar, não só pelo bom momento que passava na Copa, mas por voltar à uma companhia que já tinha saído.
“Aceitei por ser TAP, porque eu comecei a minha carreira aqui e por ser português”
“Demorei um pouco a aceitar. Porque eu sai da TAP, não é ? Mas posso dizer que a partir do momento em que disseram que estavam querendo conversar comigo sobre a possibilidade de retornar, isso não saiu mais da minha cabeça. E eu estava extremamente bem e realizado no trabalho na Copa, que é uma empresa espetacular. Aceitei por ser TAP, porque eu comecei a minha carreira aqui e por ser português”, disse Antunes.
TAP: onde tudo começou
Carlos Antunes teve seu primeiro desafio profissional na TAP, em 1998, como assistente de Marketing. Seu trabalho em Lisboa foi devidamente recompensado. Três anos depois, em 2001, Carlos Antunes assumia a direção de Centro de Suporte ao mercado da TAP no Brasil, passando a trabalhar diretamente com Mario Carvalho. A missão era montar um call center no país e começar as vendas de passagens aéreas na internet.
“Era algo absolutamente incipiente, mas que o mercado brasileiro já estava bastante a frente de outros países na questão da receptividade do cliente em comprar algo na internet e usufruir depois, sendo por pagamento online ou offline. Na época, outros países ainda estavam atrasados neste quesito de formas de pagamento eletrônicas, então boa parte do meu trabalho era cuidar do call center para agências, para passageiros, marketing estratégico e e-commerce, revolucionando o que era o atendimento da TAP no Brasil”, destacou Carlos Antunes.
Em 2001, Carlos Antunes veio para o Brasil, passando a trabalhar diretamente com Mario Carvalho, com a missão de começar as vendas de passagens aéreas na internet.
Com o call center integrado, o atendimento telefônico localizado em diversos escritórios do país foram deixados de lado, já que a TAP não obtinha métricas e não conseguia avaliar todas as informações que eram passadas. “Isto veio trazer uma consistência para a nossa operação”, disse Carlos, que comentou ainda sobre a padronização dos slots no Brasil.
“Conseguimos acertar a parte operacional também, já que cada dia da semana a TAP operava num horário diferente, de cada lugar. Na quinta-feira, por exemplo, um voo da São Paulo saia às 18h, aós sábados saia às 19h, aos domingo saia às 16h, então não havia programação nenhuma”, destacou o diretor. “Logo depois começamos a aprimorar o atendimento de passageiros e agentes de viagens, além de trabalhar o destino Portugal”, completa.
Portugal como destino final
Carlos Antunes em sua primeira passagem pela TAP também foi diretor de Marketing. Passou por suas mãos, em conjunto com Mario Carvalho, o posicionamento de Portugal no Brasil. No começo do século, o país era visto apenas como escala para outros destinos na Europa, o que mudou com o tempo.
“É impressionante como a imagem percebida de Portugal mudou, país que se desenvolveu e cresceu, mas que era, na cabeça dos brasileiros, tanto do trade como do consumidor final, um país atrasado, um país que os turistas viajavam apenas para ir para outro destino e, mesmo que ficassem alguns dias, ninguém dizia o que havia para visitar em Portugal. Atacamos essa imagem percebida do brasileiro e mudamos este comportamento”, disse Carlos.
“É impressionante como a imagem percebida de Portugal mudou, país que se desenvolveu e cresceu, mas que era, na cabeça dos brasileiros, tanto do trade como do consumidor final, um país atrasado”
A TAP, que era a companhia com a maior operação no Brasil, levava 70% dos seus passageiros para além de Portugal. Com isso, foi feito um trabalho muito grande para construção da marca TAP e de Portugal como destino final. “Hoje é uma parceria estratégica, a mais importante que nós temos”, destacou Carlos, que também foi diretor de Inteligência de Mercado para a América do Sul, antes de encerrar sua primeira passagem pela TAP.
Etihad, Alitalia, Air Seychelles e Copa: 10 anos de experiência
Em determinado momento, quando o executivo acreditou que sua missão estava bastante entregue à TAP, se permitiu conhecer novos caminhos. O primeiro deles foi abrir a Etihad Airways no Brasil, na época o voo mais longo da companhia, diário, entre São Paulo e Abu Dhabi, com três cabines.
“A Etihad me deu a oportunidade de morar fora, passei meses nos Estados Unidos, organizando por lá a equipe de vendas. Morei dois anos também nas Ilhas Seychelles, em Mahé, que é a ilha principal das 115 do arquipélago, como diretor Comercial global da Air Seychelles, subsidiária da Etihad Airways. Voltei ao Brasil, de novo para Etihad, deixei a companhia e depois foi para Alitalia, também subsidiária da Etihad Airways”, disse Carlos.
“Nos últimos três anos, tive um trabalho muito recompensador na Copa, que atravessou esta pandemia de forma exemplar, com a estratégia de ficar ao lado dos agentes”
Antes de regressar à TAP para assumir seu novo cargo, trabalhou por três anos na Copa Airlines como gerente de Vendas Regionais da companhia aérea com sede na Cidade do Panamá, onde foi responsável por países sul-americanos como Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. “Nos últimos três anos, tive um trabalho muito recompensador na Copa, que atravessou esta pandemia de forma exemplar, com a estratégia de ficar ao lado dos agentes”, finalizou.