
Ricardo Bernardi, advogado, e Francisco Rezek, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (Eric Ribeiro/M&E)
BRASÍLIA – A judicialização e seus impactos para o desenvolvimento da aviação no Brasil foram debatidos ainda na parte da manhã desta segunda-feira (28), segundo dia oficial do Fórum ALTA Airline Leaders 2019. Ricardo Bernardi, da Bernardi e Schnapp Advogados, e Francisco Rezek, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, debateram o tema que está entre os desafios do desenvolvimento da aviação comercial brasileira.
“O desafio é mostrar qual é o problema da judicialização. E qual é o problema da judicialização? O cancelamento ou atraso de voos e problemas com extravio e atraso na entrega de bagagens, além da não aplicação dos tratados internacionais, como a Convenção de Montreal, e a forma como os tribunais condenam empresas aéreas por danos morais. Entendeu-se que em qualquer situação de cancelamento de voo ou perda de bagagem, a indenização é pressuposta”, afirmou Ricardo Bernardi. “E o número ações no Brasil contra companhias aéreas só aumenta. Em 2018, foram 63 mil ações. Em 2019, este número já passa dos 100 mil, com aumento esperado de 70%”.
“E o número ações no Brasil contra companhias aéreas só aumenta. Em 2018, foram 63 mil ações. Em 2019, este número já passa dos 100 mil, com aumento esperado de 70%”, afirma o advogado Ricardo Bernardi.
Com o número de ações subindo em progressão geométrica, o problema só será resolvido se entendermos como o judiciário brasileiro aplica a convenção internacional e lida com os danos morais. E neste caso, a judicialização e seu impacto no desenvolvimento da aviação no Brasil protege ou prejudica o passageiro? É o que comenta o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Francisco Rezek.
“Não protege em larga escala porque há um custo coletivo em benefício ao resultados destes processos. Por isso não existe companhias de baixo custo operando voos domésticosno Brasil, porque a judicialização já faz com que os custos das atividades já existentes, como o pagamento de danos morais, suba muito. O número de ações no Brasil hoje é grande, mas não é nada se comparado ao tamanho do transporte aéreo. A Lei do Consumidor não pode prevalecer à Convenção de Montreal. O direito é uma ciência e precisa ser tratado de forma específica”, destacou o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Francisco Rezek.
O M&E é media partner do Fórum ALTA Airline Leaders 2019 e viaja com apoio da Shift Mobilidade Corporativa e do Nobile Monumental Brasília