
Nenhuma companhia aérea norte-americana ou japonesa jamais realizou qualquer encomenda para o modelo
Quando introduzido à aviação comercial, lá em 2007, o Airbus A380 chegou com a promessa de ser revolucionário, moderno, imponente, com dois andares e capacidade máxima que superava facilmente os 400 assentos. Apelidado de superjumbo, a aeronave aos poucos foi despertando o interesse de grandes companhias, que necessitavam compor ou até mesmo substituir sua frota de aeronaves de rotas de longa distância e/ou grande demanda.
Fatores em que o A380 se encaixaria perfeitamente. Para a Emirates Airline, por exemplo, foi paixão a primeira vista, já que atualmente a companhia representa mais de 50% de todas as entregas e encomendas feitas para o modelo. Atualmente, a companhia baseada nos Emirados Árabes Unidos opera uma frota de mais de 80 A380s.
O tempo foi passando, outras aeronaves foram surgindo, tendências se apresentaram e mudaram o rumo da aviação comercial. A guinada estratégica realizada por boa parte das companhias se tornou fundamental para mudar drasticamente o rumo do mercado para aeronaves de grande porte, com as empresas passando a focar em unidades menores, mais eficientes e com um menor custo operacional.
Para se ter uma noção, nenhuma companhia aérea norte-americana ou japonesa, desde o início das operações do A380, realizou uma encomenda sequer para o modelo. E mais: até o momento, apenas 193 aeronaves A380 circulam pelo planeta, número que está longe das previsões da Airbus para a demanda de 1.200 unidades de grande porte (supersize) para as duas próximas décadas, enquanto apenas 126 encomendas estão atualmente na carteira de pedidos firmes da fabricante (backlog), a serem entregues nos próximos cinco anos.

Missão da Airbus é manter produção do A380 para não afetar toda uma cadeia de trabalhadores, projetos e investimentos
Entre memorandos de entendimento, contratos, encomendas e entregas, difícil ver um novo cliente ou uma nova encomenda para A380s no momento. A preços de tabela, o A380 sairia da fábrica hoje por US$ 433 milhões, mas este valor quase sempre sofreu um desconto. Outro fator que “quebra” os planos da Airbus, são os cancelamentos de encomenda. Muitos mudaram suas estratégias em relação à utilização da frota ou até mesmo “pisaram no freio” em relação aos gastos, e recentemente três clientes cancelaram ou trocaram a encomenda por modelos menores.
O medo é que a produção do superjumbo caia para menos de 20 aeronaves por ano, algo que faria o programa de desenvolvimento da Airbus chegar ao vermelho. Com a queda, a Airbus seria obrigada a realocar seus funcionários ou até mesmo demitir as centenas de pessoas que lá trabalham. O diretor de Vendas da Airbus, John Leahy, por sua vez, acredita que o “A380 veio para ficar. Estamos constantemente inovando e investindo na unidade”, disse.