
Galo da Madrugada, em Pernambuco
Foi em 1840 que o Brasil realizou seu primeiro Baile de Carnaval. A festa aconteceu no Rio de Janeiro e foi organizada por Clara Delmastro – esposa de um embaixador italiano -, que queria trazer um pouco da comemoração de Veneza para as terras brasileiras. Logo de início o baile foi um sucesso, com mais de mil pessoas. Mal sabia ela que esta festa se tornaria um dos principais símbolos brasileiros.
De lá para cá, muita coisa mudou. Blocos foram fundados, criaram-se os carros alegóricos, vieram as contagiantes marchinhas e a fantasia caiu no gosto dos foliões, que passaram a usar do artefato para encarnar personagens favoritos ou até mesmo fazer críticas de cunho social e político.
De acordo com o Ministério do Turismo, em 2015 a festa atraiu cerca 6,8 milhões de turistas, gerando um impacto de mais de R$ 6,6 bilhões na economia nacional. O período representa 3% do faturamento anual gerado por viagens e turismo no país. Mais do que uma festa, a folia movimenta a economia e sobre tudo o mercado de Turismo.
Rio: o Carnaval dos Carnavais
Embora a festa veneziana possa ser considerada a mais tradicional, quiçá a mais antiga, é o Carnaval carioca que se destaca como o maior do mundo, segundo o Livro de Recordes Guinness. Em 2015, a capital fluminense recebeu mais de 970 mil turistas, movimentando US$ 782 milhões (cerca de R$ 2,2 bilhões). Ao todo, a cidade registrou mais de 4,5 milhões de pessoas nos quatro dias de festa.
Para este ano a expectativa é positiva. De acordo com a Secretaria de Turismo da cidade, as festas de final de ano superaram os números esperados, com um crescimento de 5%. Além da hotelaria lotada, os turistas estão estendendo as estadias e ficando mais tempo na capital, o que leva à Secretaria a acreditar que este será um ano recheado de brasileiros e estrangeiros.
O momento mais esperado é o desfile das escolas de Samba na Marquês de Sapucaí. Já em dezembro foi dado início aos ensaios das 26 agremiações, sendo 12 do Grupo Especial e 14 da Série A. Até o dia 31 de janeiro, durante todos os finais de semana, é possível participar dos ensaios técnicos. O grande espetáculo acontece no domingo e na segunda-feira de Carnaval, 7 e 8 de fevereiro, respectivamente.
Mas não apenas de avenida é feito o Carnaval do Rio. A cada ano os blocos de rua ganham mais adeptos, que enchem as ruas de música e cor, com confetes, serpentinas e purpurinas. No ano passado, a cidade contabilizou mais de 400 blocos, com os mais variados estilos transformados em ritmo de samba, como é o caso do Bloco Sargento Pimenta, que toca músicas dos Beatles, e do Mulheres de Chico, com canções de Chico Buarque. Não podemos esquecer do Cordão da Bola Preta, considerado um dos maiores do país e que sai no sábado, dia 6.
A festa já começou com o Grito de Carnaval, evento que marca o início do período carnavalesco e aconteceu no primeiro domingo do ano. Isso sem contar os ensaios das Escolas de Samba, que acontecem todas as semanas. O carnaval termina oficialmente no dia 9 de fevereiro, quarta-feira de cinzas. Mas a folia continua até umas duas semanas após a data. A chamada Ressaca de Carnaval.
São Paulo: bote seu bloco na rua
A festa paulista também conta com um desfile de escolas de sambas, que acontece no Sambódromo do Anhembi e com a recente retomada dos blocos de rua, que vêm crescendo a cada ano e atraindo cada vez mais turistas. Como a festa em São Paulo originou do êxodo rural, o samba paulista leva um tom agressivo, que representa à árdua vida nas lavouras de café, criando então, o samba de trabalho, puxado para o batuque. O ritmo entra em contraste com o lirismo e a cadência do samba carioca. Além disso, o samba paulistano foi muito influenciado por outros ritmos fortemente percussivos, como o jongo-macumba, também conhecido por Caxambú.
Para este ano, 383 blocos carnavalescos fazem a festa na rua. Um total de 83 blocos a mais que em 2015. A grande novidade é a oferta de palcos em todas as regiões da cidade, com apresentações de alguns blocos e outras atrações artísticas. A ideia, segundo a São Paulo Turismo (SPTuris), é que estas atividades contribuam para descentralização do Carnaval de Rua, chegando a outras regiões da cidade, auxiliando na dispersão do público dos desfiles.
De acordo com dados da SPTuris, o público que assistiu aos desfiles em 2015 tinha 21,54% de turistas e 3,3% de estrangeiros. Já nos blocos, 15,22% visitaram a cidade para participar da festa e 1,8% era de outros países.
Salvador: mais Carnaval, por favor!
Já dizia Caetano Veloso: “Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu…”. A frase mais que define o Carnaval baiano, fazendo justiça aos trios e aos animados foliões que desfilam com os mais diversificados abadás. Com o tema “Vem Curtir a Rua”, o Carnaval de Salvador terá mais dias e mais atrações em sua programação de 2016. De acordo com o prefeito da cidade, foram investidos R$ 35 milhões na festa que espera mais de 2 milhões pessoas, destes, 700 mil são turistas (88% nacionais e 12% internacionais). A expectativa é bater todos os recordes do evento, que deve gerar um impacto acima de R$ 1,5 bilhão na indústria do turismo.
Além de mais dias de festa, a bagunça começa mais cedo. O evento será oficialmente aberto na quinta-feira, 3 de fevereiro, com a entrega das chaves da cidade ao Rei Momo. Para melhor receber os foliões, a cidade ampliou de quatro para sete circuitos oficiais.
Aqueles que não são fãs do axé também podem curtir o melhor do feriado em um dos três palcos espalhados pela cidade, que contarão com show de rock, samba e multicultural. Além disso, a cidade ainda vai proporcionar festas e bailes infantis em 12 bairros e três ilhas (Frades, Bom Jesus dos Passos e Maré); três espaços exclusivos para pessoas portadoras de deficiência; duas vilas gastronômicas; 150 apresentações sem corda e mais 208 em blocos com corda; e 32 camarotes em dois circuitos.
Pernambuco: sombrinha na mão e frevo no pé
Diferente das marchinhas do Rio e São Paulo e do axé da Bahia, em Pernambuco o Carnaval é marcado pelo frevo, pelo maracatu, troças, caboclinhos, afoxé e outras manifestações que misturam costumes e tradições de brancos, negros e índios. Em Olinda, os cinco dias de festa começam com o típico desfile de bonecos gigantes, que conta com mais de cem mamulengos – como são chamados – que imitam artistas e famosos. Na terça-feira Gorda, eles se reúnem e mostram toda sua graça entre os largos do Guadalupe e do Varadouro, em um encontro que por si só já é uma tradição da folia em Olinda.
Mas a bagunça mesmo acontece no sobe e desce das ladeiras de Olinda. Todo ano, pelas ruas e ladeiras da Cidade Alta desfilam centenas de agremiações carnavalescas e tipos populares, que mantêm vivas as genuínas raízes da mais popular festa do Brasil.
Já em Recife, o principal evento fica por conta do bloco Galo da Madrugada. Todo ano a disputa entre o Galo da Madrugada e o Cordão do Bola Preta, no Rio de Janeiro, segue acirrada para saber qual o maior bloco de carnaval do mundo. O bloco pernambucano ganhou o título em 1995, pelo Guinness, quando mais de 1 milhão de pessoas participaram do desfile.
Fundado oficialmente em 23 de janeiro de 1978, o Galo fez seu primeiro desfile às 5h do sábado de Carnaval, o que deu origem ao seu nome. A tradição é que o desfile aconteça na madrugada de sexta-feira para sábado. No dia 6 de fevereiro, a agremiação vai lembrar os 50 anos de nascimento de Chico Science, nascido a 13 de março de 1966. No percurso do Galo, também são montados camarotes particulares, com outr
as atrações. O Balança Rolha já anunciou que vai montar sua estrutura e o camarote Arena Privilege confirmou a presença de Zé Pereira, Wesley Safadão e Gabriel Diniz.
Com mais de um mês de festas, Recife vai contar ainda com shows que já tiveram início e vão até o dia 19 de fevereiro. A programação completa pode ser conferida através do aplicativo para IOS e Android: Divulga Recife.
Carnaval com gostinho diferente
Não é difícil fugir das tradicionais festas carnavalescas e aproveitar o feriado com uma visão diferente e única. De norte a sul do país, programações e atrações especiais dão tempero especial à festa e deixam o Carnaval com um rostinho regional. No Pará, por exemplo, a festa mais tradicional acontece na cidade de Óbidos, na região do baixo Amazonas. Uma das tradições do local é o bloco Mascarados de Fobó, onde os foliões se fantasiam com máscaras que vão do papelão a massa de maisena.
Em Manaus, capital do Amazonas, a principal atração da cidade é o Carnaboi, uma festa em ritmo de boi-bumbá. As pessoas vestem o turiri – roupa típica indígena – e correm e dançam atrás do trio elétrico.
Em Paraty, cidade histórica localizada a 230 quilômetros da capital fluminense, as ruas de pedras são ocupadas por blocos e desfiles. A tradição fica por conta do Bloco da Lama, em que, aos sábados de Carnaval, as pessoas se encontram na Praia do Jabaquara e, cobertos de lama, saem pelas ruas para espantar os maus espíritos.
Além da capital, o interior de São Paulo também conta com Carnavais disputados, como é o caso de São Luiz do Piratininga. Ao som de marchinhas locais, os blocos têm fantasias temáticas, como bebê, morto-vivo, motorista de ônibus e outros. A diversão é que todo mundo desfila com a mesma fantasia.
Em Vitória, no Espírito Santo, os desfiles das escolas de samba vêm ganhando uma repercussão maior a cada ano que passa. A cidade se reúne nas arquibancadas ou no camarote para torcer pelas escolas preferidas. Trios elétricos passeiam pelas ruas e animam aqueles que gostam de uma festa mais atual. Além da capital, em Guriri, no norte do estado, a festa acontece na praia ao som de trios e marchinhas.
A festa mais procurada do Mato Grosso fica longe da capital, em Corumbá. Fronteira com a Bolívia, o evento atrai estrangeiros que cruzam a divida para curtir os blocos e os desfiles das escolas de samba.
No Ceará, a cidade de Aracati comemora o Carnaval de um jeito antigo: o mela-mela. Segundo a tradição, adultos e crianças jogam farinha e espuma nos foliões. O costume veio de Portugal, de uma brincadeira chamada entrudo, um jogo em que as pessoas jogavam ovos, farinha, tinta e água uma nas outras.
Difícil dizer qual a melhor cidade para passar o Carnaval em Minas Gerais, uma vez que a festa é muito procurada no interior do estado. Trios elétricos, sertanejo, pagode, forró e até mesmo música eletrônica compõem as festas mineiras, marcadas por muito axé, gente bonita e um clima descontraído. Destaque para Ouro Preto, Pompéu, Diamantina e Bonfim.