Este é, desconfortavelmente, um ano atípico para a economia do país. Depois de viver um pós-copa com grandes números para a hotelaria, companhias aéreas e para a industria de serviços, como bares e restaurantes, agora é a vez de encarar um período pré-eleitoral. Na verdade, desde 1990 encaramos tempos assim, com o mundial de futebol e as eleições acontecendo no mesmo ano.
Mas, 2014 é um marco. Os eventos estão acontecendo no nosso quintal e a economia nos pregando peças, quase que diariamente. Nos últimos anos, a polarização tem sido a marca do debate econômico no Brasil. Para o governo, só existem rosas. Para a oposição, somente espinhos. Isto simboliza, mais uma vez, os mercados e as eleições.
Antes da Copa pensávamos em inúmeros problemas que não nos afetaram diretamente. Não houve caos aéreo, apagão, falta de internet nos estádios ou problemas de segurança. Se o sucesso do evento não resolve os problemas de logística do Brasil, nem baixa os custos de produção, por outro lado cria oportunidades econômicas em diversos setores que deveriam ser aproveitadas.
Precisamos agora focar no mercado de Turismo, e isso o ministro Vinicius Lages está fazendo com ardor. São inúmeras reuniões com os setores que movimentam a economia e, principalmente, a indústria do turismo no país. Nesse contexto de crescimento e legado – palavra mais dita durante os meses da Copa – o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve fechar o ano de 2014 em queda e no máximo a 0,86% segundo economistas.
É verdade que o governo federal admite que o Brasil sofrerá desaceleração neste ano, ou seja, terá um crescimento menor do que em 2013, quando somou 2,5%. Apesar de o governo ter revisado para baixo a estimativa de crescimento em 2014, a expectativa oficial ainda está bem acima do que preveem os economistas do mercado financeiro, que estimam uma expansão de 0,97% neste ano.
Isso nos leva a crer que o crescimento do turismo irá superar o PIB – ele cresce três vezes mais que o indicador anualmente. Mas está longe de ser uma verdade absoluta. Há anos, as medidas no setor são paliativas – outras até capciosas como IOF sobre cartões pré-pagos, como moeda de troca, barganha ou palanque político. O Turismo precisa de um choque de gestão em todos os níveis governamentais e ser tratado como algo estratégico como acontece em países desenvolvidos há anos.
E tudo isso está diretamente ligado à política. Essa tal disputa acontece há anos e, em parte, a culpa esta na economia que apresenta resultados interessantes, e ao mesmo tempo perigosos. De um lado, temos a queda do desemprego, o aumento dos salários reais e a melhora na distribuição da renda. De outro, temos custos unitários do trabalho crescentes, inflação aumentando e indústria perdendo competitividade.
O efeito colateral desse movimento, no entanto, mostra-se, agressivamente na competitividade dos índices econômicos que, destacam um crescimento da inflação de serviços em 78,7%, enquanto o IPCA acumulou alta de 53,2%. Uma diferença nada modesta, diga-se de passagem.
Se no legado da Copa o destaque está na infraestrutura, na retenção de divisas e na divulgação do país no exterior, onde, então, está o legado da indústria do Turismo no país?
Luciano Palumbo