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Entrevistas

Ferroviário: nos trilhos da consolidação de um produto com desafios

Adonai Arruda Filho

Adonai Arruda Filho


Ao contrário de outros destinos internacionais, onde o trem é considerado um meio de transporte turístico, no Brasil, este segmento ainda busca se firmar. Na opinião de Adonai Arruda Filho, diretor da operadora BWT e da Serra Verde Express, os desafios e obstáculos ainda são imensos. Falta de infraestrutura para criação de novas rotas, altas taxas de impostos para importação de equipamentos e uma mão-de-obra que exige maior qualificação, sem esquecer a mentalidade de boa parte das autoridades que consideram apenas o trem como meio de transporte de cargas e escoamento de produtos. Para mudar esse quadro, várias ações estão em curso, entre elas uma parceria firmada recentemente pela Associação Brasileira de Operadores de Trens Turísticos (Abottc) e o Sebrae, no valor de R$ 4 milhões para capacitação e promoção do produto.
Nesta entrevista, Adonai Arruda destaca também a utilização da internet como ferramenta para os agentes de viagens na comercialização do produto e confirma que a BWT lança em agosto um portal exclusivo para os agentes de viagens.

M&E – Quais os entraves e desafios que impedem o desenvolvimento e consolidação do turismo ferroviário como produto turístico?

Adonai Arruda Filho – A dificuldade hoje começa pelos equipamentos. Temos dificuldades de conseguir novas locomotivas e a alta carga tributária para importação de peças é outro obstáculo para desenvolvimento e crescimento deste segmento. Infelizmente, boa parte das autoridade não têm ideia do grande potencial do transporte de passageiros por trem como acontece em outros países. É uma pena. Temos locais maravilhosos para passeios de trem que poderiam certamente fomentar o turismo doméstico como é desejo do Ministério do Turismo. Aqui no Brasil o turismo ferroviário ainda não é considerado em muitos locais como um produto turístico. Precisamos de maior apoio. Isso começa a mudar lentamente. A Associação Brasileira de Trens Turísticos acaba de firmar um contrato com o Sebrae no valor de R$ 4 milhões para ajudar na capacitação do agente de viagens. Esse é um outro desafio: fazer com que os agentes de viagens conheçam melhor esse produto para incluí-lo nos pacotes comercializados pelas agências.

M&E – A BWT tem procurado criar produtos novos junto com as operadoras para tornar as viagens mais atraentes, como foi o caso recente da Beer Day By Train. Como tem funcionado essa estratégia para atrair novos clientes?

Adonai Arruda Filho – Muito bem. Desde maio tivemos na rota capixaba pelo menos seis saídas e já estamos agendando para julho mais uma. O produto deu tão certo que estamos com planos de ampliar oferecendo novas rotas. A ideia é criar um produto que seria a Rota Nacional da Cerveja Artesanal com viagens de trem. Ter eventos pelo Brasil. Enfim, oferecer produtos mais atraentes para o mercado, por meio de parcerias.O primeiro passo nós demos com o lançamento que contou com a participação da rede de cervejas exclusivas da Mr. Beer, primeira cerveja artesanal do Espírito Santo. O pacote inclui transfer de Vitória à Estação de Domingos Martins (partida do trem) e volta da Cervejaria Else Beer à capital capixaba. Agora queremos criar o mesmo produto em outros destinos onde já operamos. Temos também ideia de oferecer a Rota do Vinho, na região Sul e faltam alguns detalhes para viabilizar esse projeto.

M&E – A Copa do Mundo trouxe ao país não apenas turistas, mas também o interesse da mídia internacional. Como podemos ter ganhos e aproveitar essa oportunidade para aumentar o nosso fluxo de visitantes internacionais?

Adonai Arruda Filho – Certamente a indicação do Brasil para realização desta Copa vem trazendo já há algum tempo boas oportunidades. Antes mesmo da competição, Curitiba acabou sendo objeto de um programa de TV na Europa com duração de 30 minutos onde nosso produto da litorina para Paranaguá foi um dos destaques. Tudo isso é muito positivo, mas devo lembrar que precisamos melhorar nossos investimentos em infraestrutura e também na qualidade do nosso receptivo. Sem isso, todo o trabalho realizado pode ficar comprometido, pois o que conta é a imagem que o país deixa aos que nos visitam. A Copa acaba sendo muito mais do que um grande evento esportivo internacional.

M&E – Como fazer com que o agente de viagem venha a incluir nas suas vendas os pacotes com passeios ferroviários?

Adonai Arruda Filho – Isso já vem acontecendo. Temos aí inúmeros grupos da região Sul do Brasil interessados em comprar pacotes oferecidos pela nossa operadora. Isso demonstra claramente que o turismo ferroviário é um produto interessante, que vem despertando a preferência do turista brasileiro. Temos também trabalhado o mercado internacional. Para isso, contamos já com uma representação em Manaus captando turistas para nossos programas. Em São Paulo, acontece a mesma coisa, pois tanto o mercado da capital como do interior tem crescido muito. Em Curitiba criamos um programa que oferece transfer grátis aos passageiros, por meio de alguns restaurantes e bares e que têm feito enorme sucesso.  No Sul, temos, para março de 2015, a ideia de um roteiro a ser implantado com 50 kms de extensão entre as cidades de Estrela a Guaporé. A ideia é oferecer sempre novos produtos. É preciso que o agente de viagens conheça também melhor o que é o turismo ferroviário. Nossa ideia é fechar o ano com 230 mil passageiros transportados, o que representa um incremento de 15% pelo menos. Queremos aumentar esses números e até agosto estaremos com um portal exclusivo para atender as agências de viagens. Ele já está em fase de teste e logo estará em plena operação. É mais uma forma de trabalhar essa parceria com os agentes de viagens.

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