O programa criado pelo governo federal para qualificar garçons, taxistas e recepcionistas de hotel, entre outros profissionais que terão contato direto com turistas estrangeiros durante a Copa, teve resultado bem abaixo da meta. Dos 166 mil alunos matriculados em 54 cursos financiados com recursos federais, apenas 88.292 concluíram a formação até agora. Ou seja, a nove dias do início dos jogos, quase a metade dos profissionais ou candidatos a empregos vinculados à Copa não teve a devida preparação.
O resultado é ainda pior se comparado à meta inicial. Na primeira fase do programa, o governo planejou qualificar 240 mil profissionais para receber bem torcedores estrangeiros. Mas, depois de sucessivos atropelos, em 2012, o programa foi reavaliado, e a proposta original foi rebaixada para a formação de 157 mil profissionais. Para surpresa geral, 166 mil pessoas se inscreveram para os cursos, mas pouco mais da metade chegou ao final.
O alto índice de evasão foi constatado pela Controladoria-Geral da União (CGU) que, numa auditoria concluída no final do ano passado, advertiu o Ministério do Turismo sobre a baixa quantidade de alunos que concluíram os cursos até então. Pelos dados da Controladoria, 39.392 pessoas receberam o certificado de conclusão de um dos 54 cursos, o correspondente a 49% em relação ao quantitativo planejado de 80 mil pessoas.
Em geral, os cursos têm 160 horas de duração. O governo pagou R$ 10 hora/aula para cada estudante. O governo paga, ainda, lanche de R$ 8 por dia e as passagens de ida e volta às escolas. Só para os cursos básicos de inglês e espanhol, o Ministério do Turismo desembolsou R$ 16,3 milhões. Como medida complementar, o ministério repassou mais de R$ 4 milhões para reforçar programas similares patrocinados pelos governos dos estados e do Distrito Federal. os cursos estão sendo oferecidos pelo Sesi (Serviço Social da Indústria) e pelo Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Social), entre outras entidades, com a supervisão direta do Ministério da Educação.
Para o diretor do Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Jurídico do Ministério do Turismo, Ítalo Mendes, a evasão não pode ser considerada um fracasso. Segundo ele, alguns estudantes desistem dos cursos por questões particulares e não pelo conteúdo do ensino. O diretor diz também que, após o fechamento dos números do mês de maio, provavelmente aumentará o índice de alunos que concluíram seus cursos. “O modelo tem sido exitoso em oferecer formação de qualidade. Foi tão exitoso que estamos pensando em expandir o programa”, afirmou.
Mendes argumenta que o propósito dos cursos, sobretudo de línguas, é oferecer noções básicas para ajudar as pessoas a executarem pequenas tarefas do cotidiano profissional. Cursos mais completos de línguas estão sendo oferecidos a estudantes universitários de Turismo. Com base nestas análises, o governo decidiu que manterá as aulas mesmo depois da Copa do Mundo.
O Globo