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A Copa do Mundo mexeu mesmo com vários aspectos que envolvem o turismo, entre eles o gastronômico. Em meados de maio, o governo federal voltou atrás na decisão de aumentar impostos para as chamadas bebidas frias (cerveja, refrigerantes, energéticos, isotônicos e refrescos), marcada inicialmente para 1º de junho. E o Mundial da Fifa teve um peso marcante na decisão. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a alta de impostos foi adiada por três meses e terá início apenas em setembro. Além disso, o aumento das taxas ocorrerá de forma escalonada.
“Uma pesquisa recente revelou que 63% dos brasileiros já estão reduzindo os gastos em bares e restaurantes. Esse aumento de imposto em 30% implicaria num reajuste de 10% a 12% nas bebidas, provocando um afugentamento dos clientes. Esta foi a primeira vez que
o nosso setor foi chamado para participar da mesa de negociação, algo inédito e muito importante”, avaliou Paulo Solmucci, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
Durante os próximos dias, muitos torcedores certamente vão assistir aos jogos do Brasil e das demais seleções nas ruas, em bares ou restaurantes. Ou seja, um momento perfeito para que os estabelecimentos garantam lotação máxima e boas vendas. “Os turistas internacionais vão encontrar em nosso país bares que não existem em lugar nenhum no mundo. Aqui temos uma oferta diferenciada no que tange à gastronomia, nossa culinária é única, diferente de tudo”, garante Solmucci.
No entanto, apesar dessa vantagem, um problema ainda não foi resolvido: o aprendizado de idiomas pelos funcionários e prestadores de serviço do setor. “Junto ao MTur, traduzimos 3.500 cardápios, número muito menor do que gostaríamos de ter feito. Porém, a crise que afetou o MTur fez com que a pasta perdesse a capacidade de articulação durante um tempo. Apesar de tudo, vamos surpreender. O que temos é suficiente, principalmente levando
em conta a forma de receber do brasileiro e sua alegria. Neste quesito já somos campeões.
Classificação
Ainda pensando em facilitar a vida dos turistas que aqui chegarem, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou a criação de selos e notas para classificar a qualidade de bares, restaurantes e lanchonetes de 24 cidades – entre elas, 11 das 12 cidades-sede da Copa do Mundo. Das cidades que receberão os jogos da Copa, somente a cidade de Salvador decidiu não aderir ao projeto, que é considerado piloto pela Anvisa.
“É algo muito positivo. O problema da segurança alimentar é grave no Brasil e não é algo que diz respeito aos bares e restaurantes apenas, pelo contrário, a maior parte dos casos de incidentes com alimentos ocorre nas próprias residências. A iniciativa da Anvisa simplifica o processo. A classificação é um aliado a mais que visa mais cuidado e qualidade”, justifica o presidente da Abrasel.
As notas são A, B e C, nesta ordem de qualidade. Uma quarta categorização é chamada de P, de pendente. Nesse último caso, os estabelecimentos estão sendo autuados ou fechados. “É preciso deixar claro que tanto A, como B e C são níveis suficientes para dar bom atendimento ao cliente. Não é preciso preocupação. Esso tipo de sistema – que já existe em NY, LA e países da Europa – tende a se expandir”.
Além de 11 cidades-sede, outras 13 aderiram voluntariamente ao projeto. De acordo com o levantamento do projeto piloto, 16,9% dos estabelecimentos das 24 cidades receberam nota A, melhor qualificação. Outros 40,7% dos restaurantes receberam nota B, e 25,6% nota C. A classificação P (de pendente) foi dada a 16,9 % dos estabelecimentos.
Curiosidades
– Entre as cidades-sede da Copa do Mundo, São Paulo teve uma das melhores notas – com 39% de estabelecimentos recebendo nota A, 54,6% com B, 6,4% C e apenas 0,9% com nota P (pendente).
– Os estabelecimentos dos aeroportos das cidades-sede da Copa do Mundo também foram avaliados separadamente. Pouco mais de 45% de bares, restaurantes e lanchonetes foram avaliados com a nota A, 42,1% com B e 10,1% com C. Outros 2,2% receberam nota pendente.