Até o mês de abril foram registradas 240 mil reservas de diárias em hotéis nas cidades-sede da Copa do Mundo, nos dias e nas vésperas de jogos, segundo levantamento feito pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB). A cidade do Rio de Janeiro é a que apresenta a maior procura e nos hotéis pesquisados pela FOHB, cerca de 93% das unidades já têm pacotes fechados, por exemplo, para os dias 12 e 13 de julho, data da final da competição. Os percentuais de ocupação na capital carioca também estão acima dos 83% para as datas de jogos da primeira fase da Copa, bem como das oitavas e quartas de final.
Natal, por usa vez, apresenta 85% de reservas feitas entre os dias 15 e 16 de junho para o jogo entre Gana e Estados Unidos. Depois dos brasileiros, os norte-americanos são os que mais ingressos compraram até agora para a Copa, com 125.465 ingressos. Outra cidade com alta ocupação dos hotéis é Cuiabá. Nos dias 23 e 24 de junho, quando acontece a partida entre Japão e Colômbia, as reservas em hotéis já chegaram a 79% dos leitos nas principais redes. Em contrapartida, a pesquisa mostra que cidades como São Paulo (24%), Porto Alegre (62%), Curitiba (44%) e Salvador (57%) ainda têm uma boa disponibilidade de vagas.
Um estudo encomendado pelo MTur junto ao IBGE, sobre pesquisa de serviços de hospedagens (PSH), mapeou em 2011 a oferta de leitos nas 27 capitais brasileiras e mostrou que, de um total de 7.479 mil estabelecimentos registrados, 70% estão localizados nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo e suas regiões metropolitanas. São 5.510 mil estabelecimentos em Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Porto Alegre com capacidade de hospedagem para 567.195 hóspedes.
“A Copa do Mundo deste ano e as Olimpíadas no Brasil, em 2016, alavancaram a oferta de apartamentos na rede hoteleira nacional. Uma projeção, com base nos números dos últimos anos e nos empreendimentos em construção ou ampliação, aponta crescimento de 21% na quantidade de unidades habitacionais entre 2009 e 2016”, disse o presidente da FOHB, Roberto Rotter.
A geração de empregos diretos e indiretos também alcança índices ainda maiores. “Temos uma projeção de crescimento de 28% entre 2009 e 2016, sendo que a estimativa para este ano é de 560 mil trabalhadores diretos e indiretos empregados no setor”, ressaltou Rotter. De acordo com a pesquisa, somente em 2016, serão 600 mil trabalhadores empregados direta e indiretamente na hotelaria nacional.
Os números poderiam ser melhores. A proposta defendida por Alexandre Sampaio era regulamentar os contratos de curtíssimo prazo, excepcionalmente para o período da Copa do Mundo. A proposta não foi aceita pelas centrais sindicais e, em seguida, o governo federal divulgou nota afirmando que também não concordava com a ideia. “Estávamos otimistas quanto à aprovação do contrato de curta duração, mas, infelizmente, as centrais sindicais se posicionaram contra e o governo não aprovou a proposta”, afirmou Alexandre Sampaio.
Para ele, sem poder realizar contratos de curta duração (no máximo três meses), o país perde. “Para eventos de grande porte, de curta duração, esse tipo de contratação é fundamental. A consequência é que haverá perda de formalização”, explicou Sampaio.
Ainda de acordo com o presidente da FBHA, a grande preocupação do setor diz respeito à segurança e à imagem que os meios de comunicação presentes durante a Copa deverão divulgar do Brasil. “Nos preocupa a questão das manifestações e também casos isolados, principalmente na área urbana, de violência, pois essas situações acabam gerando uma imagem negativa. No Rio de Janeiro, o problema é ainda mais preocupante em função da imagem dessa cidade, que é o principal portão de entrada do turismo internacional no país”, destacou.
Sampaio acredita que faltou um planejamento adequado das autoridades para a Copa. “Como tudo no Hotéis têm 300 mil reservas para os jogos da Copa Brasil é feito deste modo agora temos que contar com o que já foi feito e torcer para que tudo dê certo. Creio que avançamos e, se não tivemos os investimentos adequados, houve uma melhoria significativa em muitos serviços, que deixarão um legado positivo para a sociedade”.
Hotelaria em números:
RJ – A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) estima que 6,8 mil novos quartos de hotéis foram inaugurados no Rio de Janeiro desde 2009, gerando 27,2 mil empregos diretos e indiretos. E a expansão do setor ainda não terminou: mais cinco mil quartos devem ficar prontos até os Jogos Olímpicos de 2016. Até 2009 existiam 29 mil quartos disponíveis na cidade. A previsão é de chegar a 41 mil em 2016 (um aumento de 41,3%).
Fora do prazo – A ampliação da oferta poderia ter sido ainda maior na capital fluminense. Pelo menos 950 quartos de três empreendimentos financiados pelo BNDES pelo programa Pró-Copa não ficarão prontos no prazo inicialmente programado.
Preços – O preço da hospedagem em hotéis nas cidades-sede da Copa do Mundo ficou até 52% mais barato de janeiro a abril. O levantamento foi realizado pelo Trivago, site que compara preços de hotéis em cerca de 40 países. A pesquisa foi realizada só para quartos que acomodam duas pessoas, de acordo com a disponibilidade dos hotéis em cada cidade.
Queda – A maior queda de preços foi registrada no Rio de Janeiro, onde a diária para ver o jogo entre Espanha e Chile, no dia 18 de junho, ficou, em média, 52% mais barata. Em São Paulo e Salvador, o preço médio da hospedagem caiu 34%.