Um dos últimos acontecimentos do turismo em 2013, e que não teve muita exposição na mídia, foi a reativação dos EBTs – Escritórios Brasileiros de Turismo.
No 1º semestre de 2011 acabara o período da licitação anterior, e estávamos, desde então, sem unidades avançadas da Embratur no exterior.
É difícil quantificar o que o Brasil perdeu nesse período, mas podemos afirmar que foi muito: o trabalho que se iniciara em 2004 foi paralisado num momento de crise econômica mundial, entrada de novos players, sofisticação da concorrência e preparação para 2014 e 2016.
Deve-se isso, basicamente, ao modelo brasileiro de administração de recursos públicos, que é muito complexo. Nesses dois anos de hiato a Embratur havia lançado três processos licitatórios que foram malogrados.
O presente modelo de EBTs está longe de ser o ideal, mas tem sido aprimorado a cada dia com o esforço e dedicação dos profissionais alocados em cada país, buscando satisfazer as necessidades específicas de cada mercado.
Existe certa noção de que as embaixadas e consulados podem suprir esta função. Não é bem assim. Nosso corpo diplomático é um dos mais bem preparados do mundo, mas com formação generalista, multifocal; alternam suas funções – política, econômica, cultural – conforme as necessidades de cada posto. E são funcionários de Estado, instruídos desde jovens a perseguir os grandes objetivos, de longo prazo, do país.
Já o Turismo – geração de recursos – é uma atividade essencialmente comercial e que em todo o mundo é regida pelo setor privado, apoiado pelo setor público. O mindset – a “construção mental” – do profissional do turismo é comercial, muito mais do que institucional. E os países que mais tiveram sucesso na promoção turística são os que souberam coordenar os esforços públicos e privados. Em nosso modelo, os EBTs relacionam-se com o mercado e articulam a inteligência comercial que servirá de base para a promoção realizada pela Embratur.
E nisso sim o Itamaraty pode muito nos ajudar. Quando abri o EBT de Tokyo, em 2005, o Embaixador André Amado e toda sua equipe foram absolutamente atenciosos e generosos comigo e com nosso projeto. Era muito clara a divisão de tarefas: o EBT relacionava-se com o Trade a partir das diretrizes e da política estabelecida pela Embratur; e na Embaixada havia o atendimento ao público final, muito ligado ao Setor Cultural. Acredito que a ajuda inestimável que me foi proporcionada possa ser reproduzida em outros postos.
Profissionais excelentes como Maíra Chianca – que esteve comigo durante cinco anos aqui na Reed e agora atua no EBT Los Angeles – e como outros com quem também trabalhei junto – Karin, Georthon – ou em parceria – Lilás, Daniel, Rosiane – estão engajados há anos no turismo receptivo brasileiro e confirmam a absoluta seriedade e foco do projeto.
Não conheço os portugueses que cuidam do mercado europeu, mas seguramente estão seguindo o exemplo do que Gisele Lima e a Promo realizam para as Américas e Ásia. E Gisele é hors-concours em qualquer empreitada comercial, uma das maiores vendedoras que jamais conheci.
Dirigindo o programa na Embratur, contamos com uma equipe jovem, mas formada dentro do turismo: Leila Holsbach, Bruno Reis e Alexandre Nakagawa mostram seu empenho, seriedade e vontade de realizar. Em suma, temos tudo para comemorar a reativação dos EBTs!
Lawrence Reinisch é diretor da WTM-LA.
Lawrence Reinisch é diretor da WTM-LA