
Vicente Neto
Com a proximidade da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, a Embratur quer aproximar o tema esporte da promoção do país no exterior. A informação é do novo presidente do órgão, Vicente Neto, que atuou por três anos no Ministério do Esporte. Outra ação já adiantada por ele é a diversificação dos mercados tradicionais onde a Embratur já investe. Ele citou a Ásia, Rússia e Japão como países que têm potencial para enviar mais visitantes ao Brasil. A questão dos preços, levantada e defendida pelo ex-presidente Flávio Dino, segue na pauta. Veja abaixo a entrevista completa:
MERCADO & EVENTOS – O senhor assumiu a presidência da Embratur em março, quais são os planos já previstos para 2014?
Vicente Neto – Iremos ampliar o que foi até então planejado pelo presidente Flávio Dino incluindo a nuance do esporte como uma coisa importante em relação as metas para o próximo período. Isso porque além da Copa e das Olimpíadas temos também Universíades, que acontecem em 2019 em Brasília e envolve 10 mil atletas. Vamos aproximar a temática do esporte como indutor da questão do Turismo.
M&E – O senhor tem formação em Turismo, mas teve uma passagem pelo Ministério do Esporte. Com a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, como essas duas áreas podem se aproximar ainda mais?
Vicente Neto – Eu fui secretário em dois municípios da Bahia na área de Esporte e Cultura, que depois se tornaram Cultura e Turismo. Depois disso, fui para o Ministério do Esporte onde permaneci por três anos. Lá consegui conviver com a temática do Turismo de uma forma diferente, através de ações ligadas ao esporte. Isso ajuda muito a cadeia do Turismo. Eu me refiro aos grandes eventos esportivos e ações que foram realizadas entre MTur, Embratur e Ministério dos Esportes de forma conjunta. Participei da estruturação do modelo de governança da Copa do Mundo e da relação com demais ministérios e com a Fifa. Desta forma, eu consegui aprender a importância que é ter eventos mundiais como plataforma de desenvolvimento do país e em especial do Turismo. Na ocasião da concepção do Goal To Brasil, já estava na mesa do Governo Federal a importância de transformar isso em uma plataforma de desenvolvimento econômico, social e infraestrutura.
M&E – A Copa do Mundo será uma grande janela para a promoção do Brasil. Como a Embratur pretende aproveitar toda esta divulgação do destino após o evento?
Vicente Neto – Há um planejamento na Embratur neste sentido. Além dos mercados em que tradicionalmente fazemos ações, que são entre 14 e 17 de acordo com a disponibilidade de orçamento, vamos experimentar algo que já fizemos na Copa das Confederações e Jornada Mundial da Juventude. Por meio de pesquisas de campo, com jornalistas especializados e público final, estamos verificando a possibilidade de investimento em mercados que não estão ainda no nosso horizonte. Na Ásia, por exemplo, que até então não contou com grandes ações da Embratur, em função da distância, do preço e de não termos tradição, percebemos que há uma movimentação econômica relevante. Além disso, acabamos de fazer um evento na Rússia e participamos de um evento no Japão, que são mercados onde tradicionalmente não temos grandes investimentos. Agora, a partir da Copa do Mundo, teremos uma nova rodada de pesquisas para identificar um pouco dos sentimentos de países que virão para cá com delegações importantes. Faremos isso em parceria com alguns estados que se interessarem pela temática.
M&E – Os altos preços no Brasil ainda preocupam a Embratur?
Vicente Neto – O preço é sim um obstáculo. Em 2013 a Embratur liderou, dentro do Governo Federal, uma iniciativa de combate a preços fora do padrão. Isso resultou na criação de um comitê nacional de acompanhamento, que hoje é coordenado hoje pelo Ministério da Justiça. Criamos um canal de diálogo com os diversos segmentos da cadeia para evitar que o Brasil fique marcado como um destino caro. Há um fenômeno recente que demonstra que o nosso discurso tinha sentido. A Match – operadora que comercializa os pacotes de hospitality para a Copa do Mundo – cancelou algo em torno de 40% dos bloqueios em hotéis no Rio de Janeiro. Este é um sintoma de que há realmente um problema e de que precisa haver um realinhamento de preços. Além disso, operadores da Argentina sinalizaram para a Embratur a dificuldade da venda de pacotes durante a Copa justamente por conta dos preços. Então, estamos em um processo de diálogo, especialmente com companhias aéreas e redes hoteleiras para evitar este tipo de problema.
M&E – Mas muitas vezes o preço não é definido apenas pela vontade do empresário, pois sofre a influência de uma série de fatores. Como a Embratur tem ajudado o setor neste sentido?
Vicente Neto – O Governo Federal recebeu dos segmentos organizados uma pauta para desoneração. Parte dela já foi atendida e estamos discutindo agora outros temas. No caso das companhias aéreas, não foi possível ainda tratar da temática relativa ao combustível, que elas alegam ser algo que dificulta a redução dos preços. Mas o debate em si já provocou a sensibilização de duas das maiores aéreas do país. A Avianca e Azul definiram um teto para a Copa do Mundo após as conversas. Não é a mão do estado, mas sim a busca de um diálogo.