
Fernando Pinto
A Tap anunciou um lucro de 34 milhões de euros em 2013, um avanço de 42% em relação a 2012. Foi o quinto ano consecutivo que a companhia portuguesa obteve resultados positivos. O fato foi comemorado pelo presidente da empresa, Fernando Pinto, que concedeu uma entrevista exclusiva ao M&E durante a BTL 2014, em Lisboa. O executivo ressaltou a importância do Brasil para a companhia, uma vez que o país conta com mais de 80 frequências semanais e gerou uma receita de 2,5 milhões de euros para a empresa.
No ano passado, a aérea portuguesa transportou 10,7 milhões de passageiros. As receitas ultrapassaram a marca dos 2,4 bilhões de euros e a dívida líquida foi reduzida de 791 milhões para 585 milhões de euros, passando de 32% do total das receitas para 24%. A oferta se manteve estável, no entanto, a demanda teve um incremento de 3,4% fazendo com que a taxa de ocupação passasse de 76,8% para 79,4%. Para 2014 já foram anunciados dez novos voos, incluindo o Brasil com uma frequência para Manaus (AM) e Belém (PA).
Veja abaixo a entrevista completa:
MERCADO & EVENTOS – A Tap anunciou recentemente os seus resultados de 2013. Foi o quinto ano consecutivo de lucro, com 34 milhões de euros e um crescimento de 42%. Como o senhor vê estes resultados?
Fernando Pinto – Realmente os últimos cinco anos foram de lucro. Mas se olharmos os últimos oito anos, tivemos apenas um de prejuízo, que foi 2008, quando o transporte aéreo quase como um todo perdeu dinheiro. Os números da empresa estão cada vez melhores e este resultado é excepcional, até porque 2013 foi agravado por algumas decisões do governo, onde tivemos que reconhecer valores adicionais de custos que tiveram uma influência negativa no resultado. Se desconsiderássemos isso, teríamos algo perto de 60 milhões de euros a mais nos resultados. No entanto, estamos muito satisfeitos com os 34 milhões. Consideramos uma vitória, especialmente se falarmos da crise econômica e das dificuldades na indústria aérea como um todo.
M&E – Apesar do lucro registrado nos últimos anos, o endividamento da empresa preocupa?
Fernando Pinto – O endividamento da empresa já está há muito tempo sob controle. Ele está nos níveis esperados para uma empresa aérea e a cada ano conseguimos reduzir mais. Outro ponto que nos deixa satisfeitos é o crescimento do patrimônio liquido, que hoje já está em 140 milhões. Basta lembrar que no início da década este número era negativo.
M&E – Qual a importância do Brasil nesses resultados?
Fernando Pinto – O Brasil é sempre muito importante. O país nos traz uma receita de aproximadamente 500 milhões de euros. É uma receita extremamente importante, pois o grupo como um todo alcançou uma cifra de 2,5 milhões. O aproveitamento dos voos para o Brasil ficou acima dos 80%, o que nos deu inclusive a coragem de abrir mais dois destinos [Manaus e Belém] e incrementar a malha para o Brasil com mais de 80 frequências por semana.
M&E – Em 2013, quase não houve aumento na oferta de voos da Tap. Este cenário vai mudar em 2014, uma vez que vocês já anunciaram dez novas frequências?
Fernando Pinto – Realmente nós não aumentamos a oferta em 2013. Tivemos algumas mudanças de voos, mas sem acrescentar mais assentos. Neste ano teremos um incremento de 8%. Mas no ano passado a demanda cresceu quase 4%. Então, de certa forma, estamos aproveitando um pouco desta inércia na oferta para dar um novo salto e agora ir buscar novos destinos e um pouco mais de oferta em outros lugares.
M&E – Além de Manaus e Belém, a Tap já estuda outros destinos no Brasil ou até mesmo ampliar a capacidade nos voos já existentes?
Fernando Pinto – Mantemos um acompanhamento constante no Brasil e obviamente ainda existe potencial em destinos que são possíveis de irmos buscar. No entanto, por enquanto, são apenas esses dois, temos que absorver, dar um tempo para consolidar e então pensar em planos futuros, que já temos, mas não é para agora. Na América Latina já voamos para Bogotá e para o Panamá, mas também estamos acompanhando outras hipóteses, que irão depender do sucesso desses dois primeiros.